De acordo com o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Eduardo Linhares Qualharini, o gestor de projetos deve ser pró-ativo e estudioso, ter visão de futuro e procurar ter um bom trânsito na empresa em que trabalha.
“Além disso, deve ser humilde e ter a mente aberta para rever conceitos e aprender sempre”, afirma. Para ele, o gestor qualificado para o planejamento de projetos precisa ter informações confiáveis de todas as áreas envolvidas com a obra, garantir um bom trânsito entre os vários setores para ser informado de tudo o que acontece e, assim, tomar decisões antes que os problemas surjam.
Qualharini afirma que os profissionais da construção civil têm a característica de fazer tudo de maneira empírica e que, na maioria dos casos, não existe gestão do conhecimento. Para ele, é incomum o registro de informações sobre desenvolvimento das obras, seus problemas e soluções. “As empresas trabalham por demanda e só algumas têm perfil próprio e cadastro de fornecedores para planejamento”, atesta.
De acordo com o especialista, a maioria das faculdades de engenharia não ensina a planejar, nem a fazer um orçamento de obra. “São áreas fundamentais que não entram na grade curricular, o que é uma falha”.
Essas instituições de ensino, por sua vez, alegam que não oferecem essa formação por falta de tempo, com exceção da UFRJ que disponibiliza a disciplina de forma eletiva. “Acho que deveria ser obrigatória. Os alunos procuram o curso de planejamento porque, ao fazerem estágio, percebem essa lacuna no ambiente de trabalho”, diz e sentencia: “A formação acadêmica não é realista”.
Esse vício de formação inadequada é herança do tempo em que a inflação no país mascarava os resultados. “Quando a economia ficou estável, as empresas perceberam que com planejamento controlavam melhor os recursos. Estudos mostram que 20% do que se faz na obra é importante.
O restante é secundário. Elevadores, fundações, estruturas são exemplos de grandes itens que correspondem a 30% ou 40% do empreendimento. Se planejar esses projetos de maneira adequada, a construtora economiza recursos”, diz.
O professor lembra que o planejamento se tornou importante para atender às expectativas do empreendedor, do provedor do capital. “Só se obtém lucro com planejamento”, destaca. Em suas aulas, Qualharini costuma dizer que todo planejamento é feito para ser alterado.
Instrui que no andamento da obra surgem problemas com fornecedores, decisões governamentais e condições climáticas que exigem mudanças de rumo. “Normalmente, as escolas de engenharia ensinam cálculos, a pensar nas estruturas, a fazer e entregar a obra pronta, mas não mostram como fazer”.
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Outro fator que interfere no trabalho do gestor de projetos é que a construção civil também é afetada por modismos. “Já tivemos nos anos 1970 e 1980 o ciclo da segurança no trabalho. As construtoras relutavam em seguir as exigências do Ministério do Trabalho.
Hoje, a segurança está incorporada ao dia a dia das empresas. Depois, veio o ciclo da qualidade e agora vivemos o tempo da sustentabilidade. O gestor de projetos deve planejar tudo, até os resultados das ações implementadas”, afirma.
Em sua análise, Qualharini acredita que depois da sustentabilidade virá a onda da funcionabilidade. Para ele, o gestor de projetos terá de gerenciar o que foi aplicado e avaliar se aquilo está sendo útil aos usuários ou se foi dinheiro jogado fora.
“Por exemplo, os prédios equipados com bicicletários. A medida é muito boa, mas todo mundo usa?”, pergunta. A nova onda vai exigir que o gestor avalie o nível prático das ações de sustentabilidade para saber se o que será aplicado é exequível e útil aos usuários. “Brasília, por exemplo, é bonita, mas não é funcional. Espero que os gestores de projetos adotem soluções mais reais e menos utópicas”, afirma.
O professor Eduardo Linhares Qualharini diz que cabe ao profissional adotar soluções construtivas que evitem desperdícios. “Antigamente, para cada quatro prédios construídos um era jogado fora. Hoje, as estatísticas ainda não estão concluídas, mas estima-se que a cada três prédios um é descartado. Já melhorou, mas no Japão, cada edifício construído tem um desperdício de apenas 15% e nos EUA 20%. Temos muito que evoluir. Nosso gerenciamento ainda está engatinhando comparado a eles”, critica.
Ele orienta que para alterar esse quadro as construtoras precisam organizar um bom cadastro de seus fornecedores e investir em seus recursos humanos, buscando obter profissionais mais qualificados, oferecendo cursos e treinamento.
“Elas pagarão mais caro, mas por melhor qualidade e menos desperdício, o que acaba compensando”, afirma. Segundo ele, o gestor de projetos não faz apenas o planejamento e pronto. Precisa entender o programa da obra, suas restrições, e buscar resultados positivos.
Ultimamente os provedores de capital têm contratado empresas gerenciadoras de projetos para fiscalizar o planejamento das construtoras. Essas empresas estão presentes no canteiro de obras para resolver as interfaces, porque se a obra for mal planejada, vai gerar prejuízo para todas as partes envolvidas.
Redação AECweb / Construmarket
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EDUARDO LINHARES QUALHARINI Engenheiro Civil graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1973, formado como Engenheiro em Segurança do Trabalho pela Fundação Técnico-Educacional Souza Marques (FTESM) em 1976.
Especialista em Produção Civil formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 1984, M.Sc. em Arquitetura pela UFRJ em 1992, D.Sc. em Engenharia de Produção pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE) da UFRJ em 1996, e Pós-doutorado pela UFF em 1998.
É professor associado da UFRJ, revisor de periódico da Revista GEPROS-UNESP, sendo Coordenador dos cursos GGP – Gestão e Gerenciamento de Projetos e PGCOC- Planejamento, Gestão e Controle de Obras Civis da Escola Politécnica (Poli) da UFRJ.
Qualharini tem experiência de mais de 300 empreendimentos realizados nas áreas de Engenharia Civil e de Produção, atuando em Gestão Estratégica na Produção, Planejamento de Construção Civil, Segurança e Ergonomia do Trabalho.
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