Museu Cais do Sertão tem gestão eficiente

Na obra de um museu não há repetição, não são vários andares iguais, como ocorre em um prédio comercial ou residencial.
trabalhadores andando no esqueleto de um prédio em construção

A principal diferença do gerenciamento de obras do museu Cais do Sertão – Luiz Gonzaga –, em Recife (PE), comparado a outros segmentos da construção civil, está relacionada ao conteúdo, ou seja, ao acervo interno construído com a obra.

“Foram necessárias adaptações e alterações para atendimento dessas demandas, em especial na execução da iluminação e das instalações especiais”, explica Jaime Gusmão, engenheiro civil e diretor Técnico da Gusmão Planejamento e Obras.

Gusmão comenta que na obra de um museu não há repetição, não são vários andares iguais, como ocorre em um prédio comercial ou residencial.

“É uma obra em cada laje, estrutura e paredes, o que requer cuidado e detalhamento. No museu Cais do Sertão – Luiz Gonzaga, esses detalhes foram decididos à medida que a edificação foi construída, junto à área de conteúdo. Para isso houve grande interação entre a equipe de conteúdo e do escritório Brasil Arquitetura, do arquiteto Marcelo Ferraz, responsável pelo projeto, para que todos os projetos chegassem a tempo de planejar a obra. É necessário um prazo para contratação de concreto, ferro, profissionais para a execução. Conseguir fazer todas essas questões funcionarem de forma harmoniosa foi o maior desafio”.

ARQUEOLOGIA

Na obra de um museu não há repetição, não são vários andares iguais, como ocorre em um prédio comercial ou residencial. É uma obra em cada laje, estrutura e paredes, o que requer cuidado e detalhamento

Como a obra está inserida em uma zona de preservação rigorosa, no entorno do acervo tombado pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –, o engenheiro explica que inicialmente foi preciso manter no canteiro uma equipe de arqueólogos para acompanhar as escavações, separando e catalogando os objetos achados, e determinando os de valor histórico. “A arqueologia foi feita não para tratar da parte interna do museu, mas para permitir a implantação das fundações. Quando começamos a cavar, encontramos, por exemplo, um canhão holandês do século 16, correntes de navios antigos e muitas cerâmicas”.

Pela legislação, quando há descobertas arqueológicas, é preciso contratar um profissional no assunto, pedir autorização do órgão do patrimônio histórico, publicar no Diário Oficial para que seja possível pesquisar, recolher, limpar, armazenar e catalogar os itens. “Somente depois é permitido entregar os achados para o cliente – no caso, o Porto do Recife – que, com o IPHAN, define o destino dos objetos”, explica Jaime Gusmão.

De acordo com o diretor técnico, todo esse processo atrasou e muito o cronograma da obra. “Essa região foi onde Recife começou, há 477 anos. Como na área da obra do museu passa uma antiga muralha, a equipe de fundações foi surpreendida no momento da execução, pois esbarraram no muro. Foi preciso lançar mão de várias soluções de engenharia e mudança de projeto de estaqueamento, de maneira que as fundações fossem colocadas sem danificar a muralha. Todo esse trabalho recebeu o acompanhamento de arqueólogos”, relata.

Houve grande interação entre a equipe de conteúdo e do escritório Brasil Arquitetura, do arquiteto Marcelo Ferraz, responsável pelo projeto, para que todos os projetos chegassem a tempo de planejar a obra. É necessário um prazo para contratação de concreto, ferro, profissionais para a execução. Conseguir fazer todas essas questões funcionarem de forma harmoniosa foi o maior desafio

Novos desafios vieram na fase de execução da estrutura em concreto aparente pigmentado, moldado in loco, e das lajes em concreto protendido – uma das lajes tem vão livre maior que 60 m, o que representa um dos maiores vãos livres do Brasil, superando, inclusive, o do prédio do MASP, em São Paulo. Tudo isso exigiu estudo e tecnologia para desenvolvimento de formas, escoramentos e protensão.

“O museu representa uma obra de engenharia desafiadora e diferente. É um marco nessa área, por se tratar do primeiro museu projetado no estado de Pernambuco. Ele certamente será reconhecido como referência, pela grandiosidade da engenharia empregada em sua construção e pelo alto nível de tecnologia utilizado em todo o seu conteúdo”.

O Cais do Sertão está dividido em dois módulos: museu e centro cultural.


O primeiro conta com uma exposição permanente sobre o Rio São Francisco, estúdios de gravação, oficinas de instrumentos musicais e a obra completa de Luiz Gonzaga. Ao todo, 28 monitores bilíngues estão à disposição para acompanhar os visitantes. “50% do museu já está pronto. Falta o centro cultural, onde ocorrerão as exposições itinerantes, um grande espaço aberto para feiras e eventos, com previsão para ficar pronto até o carnaval de 2015”, diz o engenheiro.

Redação AECweb / Construmarket

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Colaborou para esta matéria:

Jaime Duarte Gusmão – Engenheiro Civil formado pela UPFE em 1983. É diretor Técnico da Gusmão Planejamento e Obras. Realizou diversas obras em vários estados do Brasil nas áreas de incorporação imobiliária, construção civil, construção de estradas e gerenciamento de projetos e obras. Já foi diretor da ADEMI-PE, SINDUSCON-PE e ASCONDIR-SE.

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