Redação AECweb / Construmarket


Uma das principais diferenças entre a gestão de projetos de uma obra de hotel para as demais obras da construção civil é que existe uma rede hoteleira que, normalmente, possui uma padronização já estabelecida. Algumas redes detêm a especificação dos quartos e da entrada no térreo – o que não significa, necessariamente, uma uniformização dos ambientes nos andares. “É um projeto onde há um envolvimento muito grande com a rede hoteleira e com a preocupação de como aquele espaço irá interagir com o hóspede. Ele é, sem dúvida, o personagem principal no momento de elaborar um projeto hoteleiro. O espaço precisa ser muito bem configurado para que o visitante queira voltar e recomende para os amigos. Caso haja qualquer problema com o hóspede, é a rede hoteleira quem arca com as consequências”, diz Teresa Westphalen, fundadora da Focco Gestão de Projetos.

DESAFIOS

A principal dificuldade enfrentada na gestão de projetos de um hotel ou de qualquer outra obra da construção civil, de acordo com Westphalen, é a falta de informações. “Elas são fundamentais para que seja possível pensar em soluções técnicas para o empreendimento. E, para isso, é preciso que todos estejam envolvidos, incluindo o cliente”, diz, acrescentando que, para responder a exigência de obra de qualidade pelo menor custo é necessário estar atento e revendo as opções. “O empreendimento hoteleiro é entregue pronto para utilização. Não há nenhuma área ou espaço incompleto. É diferente de um edifício residencial ou comercial onde cada proprietário personaliza os ambientes de acordo com as suas preferências, desde o piso às luminárias e o ar condicionado. No hotel, já está tudo ali pronto e precisa dar retorno, o que torna essencial projetar pensando na vida útil do empreendimento”.

Por se tratar de uma obra de elevado nível de detalhamento, a construção de hotéis exige do gestor de projetos máxima atenção. Em sua experiência de gestora de projetos, houve um momento em que Teresa Westphalen considerava interessante atuar em obras em que a rede de hotéis possuía uma padronização para os quartos. “Meu entendimento era que a padronização era boa, já que a rede hoteleira fornece os projetos detalhados, sendo preciso se preocupar somente com os projetos da porta para fora do quarto”, conta. Porém, muitas vezes, os projetos chegam incompletos, gerando uma série de questionamentos do cliente sobre materiais e itens que não coube ao gestor de projetos especificar. “Se tivéssemos feito o detalhamento de todas as áreas, não haveria tantas dúvidas”, diz.

As redes hoteleiras treinam seus fornecedores – o que, de um lado, simplifica o trabalho do gestor, que encomenda o mobiliário, por exemplo, a partir da identificação da rede proprietária e do padrão do hotel. Mas, nem todos os fornecedores cadastrados pelos hotéis praticam o melhor preço, sendo necessário recorrer a outros fabricantes. “Porém, não temos todo o detalhamento necessário para elaborar o móvel e é inevitável perguntar à rede hoteleira sobre as suas especificações. Isso, às vezes, traz mais morosidade ao trabalho”, diz a gestora de projetos.

 

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QUALIDADE

Entre as dez áreas de conhecimento estabelecidas pelo PMI – Project Management Institute –, a qualidade é um dos quesitos mais importantes em um empreendimento hoteleiro. “Para garantir a qualidade dos projetos, é comum no segmento de hotéis a realização de apartamentos modelo. Lá, se executa conforme foi projetado e é possível verificar quais são os ajustes necessários. Quando não há qualidade de projeto, essa é uma das formas de salvá-lo. Falta de qualidade em projetos reflete a falta de informação”, comenta Westphalen.

Entre os projetos fundamentais à construção de um hotel, alguns se destacam como decoração, iluminação, comunicação visual, segurança, sistema de ar condicionado, aquecimento de água e arquitetura de interiores. “Trabalhamos com uma equipe multidisciplinar e é função do gestor de projetos saber que os projetistas são capacitados para determinado trabalho. O gestor do projeto não necessariamente precisa conhecer a fundo cada um dos projetos envolvidos na construção de um empreendimento, mas sim avaliar se a empresa tem know-how e conhecimento suficiente. Em alguns casos coloco o projetista frente ao cliente para saber se o que ele está oferecendo é justamente aquilo que o cliente quer”, explica a gestora de projetos.

SUSTENTABILIDADE

Água e energia são custos elevados numa operação hoteleira. É meta do bom projeto prover o empreendimento de soluções de eficiência energética e de fontes alternativas de água para reúso. Westphalen defende que um bom projeto deve oferecer todas as possibilidades. “Quando falamos em água pensamos em reúso, sistemas economizadores, sensores, bacia com descarga inteligente. Em relação à energia, é imprescindível colocar sensor de presença, para que quando o ambiente não estiver ocupado a luz fique apagada”, ressalta, informando que essas soluções costumam estar em todos os projetos de hotéis visando a economia da operação. “As redes hoteleiras consideram os recursos sustentáveis do empreendimento um atrativo a mais para os hóspedes. Afinal, muitos gostam de se hospedar em hotéis que sejam ‘verdes’, que tenham preocupação ambiental”, afirma.

 

Segundo ela, quanto mais um empreendimento hoteleiro envolver projetos visando a sustentabilidade da construção e, até mesmo, certificações como o LEED, maior será a exigência dos demais projetos. “Quando se contrata um projeto de instalação hidráulica que opta por ter reuso de água, por exemplo, sabemos que essa solução exigirá mais conhecimento e equipamentos específicos para o ideal funcionamento do sistema”, diz Westphalen. Paralelamente às exigências da sustentabilidade, o projeto de hotéis pede a atuação de profissionais especializados que, no entanto, são raros. “É preciso ter experiência para poder atuar com destreza e garantir o que é essencial: qualidade e informação em projetos”, ressalta.


COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA

Teresa Westphalen – arquiteta, formada em 1995 pela Universidade de Brasília (UnB). Especialista em Negócios Imobiliários e Marketing pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Atuou em diversas construtoras em São Paulo no cargo de coordenação de projetos. Fundou a Focco Gestão de Projetos – Focco Projetos – onde desenvolve o escopo de gerenciamento de projetos, analise crítica e compatibilização de projetos para diversos clientes em território nacional.

Leia também:

Qualidade da obra começa na gestão de projetos

PDG aumenta confiabilidade em gestão de projetos

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