De acordo com o engenheiro civil Maury Melo, autor do livro ‘Gerenciamento de Projetos para a Construção Civil’, atualmente a formação do engenheiro é mais voltada para a gestão de obras, sem as habilidades de um gerente de projetos. “Muitos profissionais desconhecem, por exemplo, ferramentas e técnicas preconizadas pelo PMI – Project Management Institute – para uma gestão mais adequada do projeto. O papel de gestor é se preocupar com todas as áreas de conhecimento que lhe darão melhores condições para tomadas de decisão e, consequentemente, reduzirão o risco do não cumprimento dos objetivos do projeto”, afirma Melo.
Não é tarefa fácil gerenciar pessoas, principalmente na construção civil. Pessoas têm pensamentos, valores e experiências bastante diversificadas uma das outras. Para isto, é importante que o gestor seja treinado a lidar com diversas situações, em que administrar conflitos exige escutar, colocar-se no lugar do outro, respeitar a individualidade de cada um, além de contribuir para o crescimento dos colaboradores Maury Nelson Antunes de Melo
O principal papel do gestor de projetos é a integração. Isto é, ele deve reunir todas as partes do projeto e todos os membros do time em uma unidade coesa, atingindo os objetivos de maneira rápida, barata e com menos recursos.
“Cabe ao gestor definir o plano de gerenciamento de recursos humanos de forma a obter a devida aprovação quanto à alocação desses recursos, conferindo clareza a todos da equipe sobre responsabilidades e autonomia. Durante a execução, o gestor deve liderar a mobilização de todo o pessoal e assegurar as condições necessárias para os membros da equipe desempenharem suas funções”.
“O gestor acumula ainda a função de monitorar se o projeto está conforme planejado e agir para corrigir os desvios”, explica Roberto Hoffmann Palmieri, professor da disciplina de Gerenciamento de Projetos dos cursos de MBA da Fundação Getúlio Vargas.
Segundo Melo, muitas construtoras estão investindo para melhorar seus processos na gestão de pessoas. “Se olharmos para as considerações que constam no PMBOK®, continua faltando treinamento tanto para a equipe de projeto quanto para os funcionários da força de trabalho executora. Questões como atividades de construção de equipe e um sistema de recompensas, quando bem implementadas, podem trazer benefícios ao setor como parte de uma política contínua de recursos humanos, no sentido de melhorar a produtividade e reduzir o turnover no segmento”, diz.
O guia PMBOK® recomenda pelo menos quatro processos para o gerenciamento de projetos, uma boa base para qualquer gestor considerar e adaptar a realidade de sua empresa e de seus projetos. “O primeiro é desenvolver o plano dos recursos humanos, o que inclui o processo de identificação e documentação de papéis, responsabilidades, habilidades necessárias, relações hierárquicas e a criação do plano de gerenciamento do pessoal. O segundo passo é mobilizar a equipe do projeto com a confirmação da disponibilidade dos recursos humanos e obtenção de pessoal necessário para terminar as atividades do projeto”.
“Outra etapa é desenvolver a equipe do projeto com a melhoria de competências, interação e o ambiente geral da equipe, aprimorando o desempenho do projeto. E, por fim, gerenciar a equipe do projeto acompanhando o desempenho dos membros, fornecendo feedback, resolvendo problemas e gerenciando mudanças para otimizar o desempenho do projeto”, elenca Hoffmann.
A boa gestão de pessoas (…) assegura que todos os membros da equipe tenham as habilidades, as informações e os equipamentos necessários para realizar o trabalho. Por fim, fornece maior clareza sobre como a equipe será avaliada e reconhecida por seu desempenho de forma a aumentar o alinhamento dos interesses da empresa com os de cada membro do grupo Roberto Hoffmann Palmieri
Melo comenta que o setor da construção civil é único e tem particularidades importantes. “Não é tarefa fácil gerenciar pessoas, principalmente na construção civil. Pessoas têm pensamentos, valores e experiências bastante diversificadas uma das outras. Para isto, é importante que o gestor seja treinado a lidar com diversas situações, em que administrar conflitos exige escutar, colocar-se no lugar do outro, respeitar a individualidade de cada um, além de contribuir para o crescimento dos colaboradores”, detalha o engenheiro civil.
Do ponto de vista de gestão de pessoas, os grandes projetos de construção civil têm como desafio o deslocamento e a instalação provisória de um grande número de trabalhadores de perfis variados.
“Uma preocupação e pressão cada vez maior da sociedade sobre esses grandes empreendimentos é reduzir o impacto negativo da migração de milhares de trabalhadores, na sua maioria homens solteiros. Para minimizar esse impacto negativo, o licenciamento ambiental somado às políticas de responsabilidade socioambiental das empresas exige que se contrate maior porcentagem de mão de obra local, o que traz contribuições positivas à localidade ao gerar emprego e renda para a população da região. Além de reduzir custos com deslocamento e instalação do pessoal. Por outro lado, exige dedicação de tempo e recursos para preparação antecipada dos trabalhadores locais ficarem aptos para as atividades”, afirma o professor.
Ter uma equipe motivada e comprometida é determinante para o sucesso do projeto. “A boa gestão de pessoas é fundamental para isso, na medida em que se deixam claros papéis, responsabilidades e autonomia de cada profissional. Também assegura que todos os membros da equipe tenham as habilidades, as informações e os equipamentos necessários para realizar o trabalho. Por fim, fornece maior clareza sobre como a equipe será avaliada e reconhecida por seu desempenho de forma a aumentar o alinhamento dos interesses da empresa com os de cada membro do grupo”, comenta Hoffmann.
A gestão adequada de pessoas certamente resultará em uma equipe mais motivada e feliz e que, indubitavelmente, é um dos segredos para a melhoria da produtividade. “Se o gestor valorizar seus colaboradores, eles se sentirão mais dispostos em buscar atingir suas metas e, desta forma, conseguir os resultados esperados. Em contrapartida, a falta de motivação pode fazer com que os colaboradores deixem de dar o melhor de si, resultando em produtividades muito abaixo da média”, diz o autor.
É através da liderança que o gestor deverá inspirar seus colaboradores, criando sinergia e multidisciplinaridade entre os membros da equipe e mantendo o astral de todos em alta para que deem o máximo de si ao projeto Maury Nelson Antunes de Melo
Uma má definição de perfil e da capacitação necessária tem como resultado profissionais trabalhando em atividades para as quais estão inaptos, o que aumenta a probabilidade de acidentes. “O que tem ocorrido também é o inapropriado dimensionamento da equipe e dos prazos, gerando jornadas de trabalho excessivas e consequente elevação no número de acidentes”, afirma Hoffmann.
De acordo com Melo, a liderança é a habilidade que irá fazer a diferença entre o gestor e sua equipe de trabalho. “É através da liderança que o gestor deverá inspirar seus colaboradores, criando sinergia e multidisciplinaridade entre os membros da equipe e mantendo o astral de todos em alta para que dêem o máximo de si ao projeto”.
O gerente de projeto deve ter também o talento da comunicação, que através de um processo claro, aberto e transparente promove um incentivo à troca de ideias e opiniões entre todos os membros. “Somado a isso, o gestor deve ser proativo e se antecipar às crises que porventura ocorram entre os membros de sua equipe. Um gerente experiente identifica os problemas e propõe soluções para as questões mais controversas que possam ocorrer durante o projeto”, explica o engenheiro.
Redação AECweb / Construmarket
Gestor de projetos deve ter visão holística e objetivos definidos
Caminho crítico ajuda na identificação de responsabilidades
Gestão compartilhada garante melhor desempenho
Roberto Hoffmann Palmieri – Professor nas disciplinas de gerenciamento de projetos dos cursos de MBA da Fundação Getúlio Vargas. Mestre e Engenheiro Agrônomo pela Universidade de São Paulo (USP). Certificado pelo PMI (Project Management Institute) como PMP (Project Management Professional). Membro ativo do PMI e da CEE-93 – Comissão de Gestão de Projetos da ABNT.
Atualmente, é gerente de projetos no IMAFLORA – www.imaflora.org e também presidente do comitê de padrões da Union Ethical Biotrade – www.uebt.org.
Tem 15 anos de experiência em Gerenciamento de Projetos de grande porte, e a sua experiência profissional inclui também o cargo de Gerente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Diretor do Departamento de Meio Ambiente na prefeitura de Governador Valadares. Atuou profissionalmente em todas as regiões do Brasil e em diversos países da África, Europa e Américas.
Maury Melo – Engenheiro civil, graduado em 1977 pela Universidade Estadual de Maringá com especializações em Produtividade para a Construção Civil, em Engenharia de Software e em Gerenciamento de Projetos pela FGV.
Sócio Diretor da LPM – Gestão e Tecnologia, atuando como consultor em gerenciamento de projetos para os setores da construção civil e engenharia de software.
Autor dos livros: Planejando o Escopo do seu Projeto através do MS Project, Gerenciamento de Projetos para a Construção Civil, PMP–Guia de Estudo, Metodologia Simplificada de Gerenciamento de Projetos para a Construção Civil, Rompendo Barreiras com o Gerenciamento de Projeto e Planejamento e Controle de Projetos com o Microsoft Project 2013, Plano de Projeto na Prática.
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