De acordo com Myrion Fachetti, coordenadora de Projetos da Lorenge Construtora (ES), o primeiro passo para uma boa gestão de projetos é conhecer o objetivo da empresa.
“É necessário ter acesso ao cronograma estratégico da construtora, onde estão todas as datas marco do empreendimento, os momentos principais como aprovação do projeto, orçamento, e início e final da obra. Essas informações norteiam o trabalho do gestor de projetos e é com base nelas que é feito o planejamento. Cada data programada requer ações prévias”.
Gestor de projetos sempre atento
Planejar as ações e saber gerenciar pessoas são habilidades fundamentais para o gestor de projetos.
“A maior parte do tempo é dedicado a essas funções. Seja gerenciando a equipe interna ou externa, que, normalmente, é muito grande, ou integrando as diferentes partes do projeto. Nós somos um elo entre as várias áreas da empresa como a de novos negócios, comercial, de obras. Cabe ao gerenciamento de projetos passear por todas elas e responder para cada uma, que têm interesses totalmente distintos”, comenta Myrion.
Tratar com pessoas de maneira geral não é uma atividade simples, mas cabe ao gestor ter essa habilidade. “Para isso, é importante a atualização do profissional no gerenciamento de pessoas. Muitas vezes, é feito um planejamento, em que o gestor coloca uma determinada carga para o profissional da sua equipe, mas não tem o mesmo desempenho todos os dias. Portanto, é importante fazer o acompanhamento, saber se o profissional está preparado para assumir tantas responsabilidades. É preciso se perguntar: Estou planejando direito? Atribuindo a essa pessoa o que ela é capaz de fazer? É preciso tratar as pessoas de maneira individual, respeitando o jeito de cada um. Não somos todos iguais”, afirma.
Outro importante papel do projetista, de acordo com a coordenadora, é prever o que irá ocorrer no momento de execução da obra, para já incluir no planejamento.
“Não é possível prever 100%. Muitas vezes, na hora que o projeto está sendo executado é percebida a falta de uma informação ou algo que está programado, mas não está dando certo, não está encaixando. O gestor de projetos deve acompanhar o que foi projetado e o que está sendo feito para que, quando necessário, seja refeito o trabalho que, normalmente, vem em caráter de urgência, evitando a paralisação da obra”.
LORENGE X NBR 15575
“É importante fazer o acompanhamento, saber se o profissional está preparado para assumir tantas responsabilidades. É preciso se perguntar: Estou planejando direito? Atribuindo a essa pessoa o que ela é capaz de fazer? É preciso tratar as pessoas de maneira individual, respeitando o jeito de cada um. Não somos todos iguais”, afirma.
A Lorenge Construtora já tem empreendimentos enquadrados e aprovados dentro da vigência da norma de desempenho NBR 15575. “Estamos fazendo um treinamento em parceria com o SindusCon-ES, que reúne grandes empresas, visando a adequação à norma. Além disso, estamos realizando um trabalho com nossos projetistas internos e externos, detectando quais são os aspectos práticos da normativa, como o impacto na contratação de projetistas, o escopo do que é contratado, adaptação do material etc. Isso envolve todos os projetistas porque até o contrato irá mudar”, comenta Myrion.
Segundo ela, o escopo do projeto de um edifício comercial, residencial ou institucional é diferente. “Cada empreendimento tem as suas particularidades como o tempo de duração da obra, número de pessoas na equipe. São planejamentos distintos. Uma obra residencial, por exemplo, é mais demorada do que uma comercial”, explica.
SUSTENTABILIDADE
Há anos que a Lorenge Construtora tem a preocupação com a sustentabilidade. “No Espírito Santo, a empresa foi pioneira em várias ações de sustentabilidade em seus empreendimentos como reuso de água, aquecimento solar e medidor individual. É a cultura da empresa. E quando houve a decisão de construir uma sede própria, foi natural que empregássemos todas as práticas de sustentabilidade em nosso empreendimento”, afirma a coordenadora.
A obra foi a primeira no Espírito Santo a conquistar a certificação LEED na categoria Ouro. Embarca, entre outras soluções, reúso de água de chuva, sistema de ar-condicionado automatizado para a economia de energia, a iluminação é 100% de LED e a fachada também foi desenvolvida para a economia do ar-condicionado. O empreendimento foi todo idealizado visando a economia de recursos”, afirma a coordenadora.
“Não é possível prever 100%. Muitas vezes, na hora que o projeto está sendo executado é percebida a falta de uma informação ou algo que está programado, mas não está dando certo, não está encaixando.
Gestor de projetos precisa se atentar ao que foi projetado
O gestor de projetos deve acompanhar o que foi projetado e o que está sendo feito para que, quando necessário, seja refeito o trabalho que, normalmente, vem em caráter de urgência, evitando a paralisação da obra”, continua ela.
De acordo com ela, o fato de uma obra ser sustentável e certificada exige um maior número de projetos e projetistas, para garantir que o trabalho seja bem realizado.
“Um projeto pode ser sustentável sem ser certificado. Mas quando é escolhido o caminho da certificação, há uma série de cuidados de documentação, de responsabilidade dos materiais e dos projetistas que tornam o trabalho documental muito grande. E isso faz com que tenhamos de contratar um profissional com esse foco, visando a realização de um empreendimento sustentável”.
Atualmente, existem consultorias de sustentabilidade que realizam o trabalho de gestão para a conquista do certificado. “Essa consultoria serve para orientar as empresas, passo a passo, o que é preciso ser feito e quais ferramentas usar. Com visitas mensais, o consultor verifica se a empresa está no caminho certo. Porque, ao cometer um erro, é preciso que ele seja detectado rapidamente e corrigido. A consultoria funciona como um auditor e é fundamental para o trabalho do gestor de projetos”, diz Myrion.
“Quando há uma boa equipe de gerenciamento de projetos é possível que ela cresça de acordo com a demanda. Mas o gestor precisa ir enxergando a necessidade de novas contratações, afinal, é claro que existe um limite. Atualmente, minha equipe é formada por cinco pessoas e gerenciamos 16 empreendimentos em diferentes etapas. Vale ressaltar que em cada fase a demanda é diferente, tanto o tipo de trabalho como a quantidade. Mas todas as obras são acompanhadas do início ao fim pelo gestor de projetos”, comenta a coordenadora.
Redação AECweb / Construmarket
Colaborou para esta matéria
Myrion Syrrah Fachetti – Arquiteta e Urbanista formada em 1997 pela UFES – Universidade Federal do Espírito Santo; MBA em Gestão de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas, em 2007, e MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, em 2013.