Existe muita confusão no mercado entre a figura do coordenador de projetos com a de quem faz a compatibilização das várias disciplinas do conjunto de uma obra. “Isso ocorre com frequência e tem muito arquiteto atuando em compatibilização, acreditando estar fazendo coordenação, e outros profissionais sendo contratados para a coordenação técnica, tendo que resolver projeto. Há também equívocos quanto à gestão e coordenação de projetos”.

A análise é da arquiteta Rita Cristina Ferreira, sócia e diretora da DWG Arquitetura e vice-presidente da Associação Brasileira de Gestores e Coordenadores de Projetos (AGESC), entidade que reúne estes profissionais que atuam na Construção Civil de edifícios.

Ela comenta que o gestor ou gerente de projetos concentra a tomada de decisões estratégicas no nível mais alto da pirâmide. O gestor de projetos atua em todo o ciclo de vida do produto, desde o início do projeto até o fim da obra na entrega do edifício, acompanhando cada passo de seu desenvolvimento. Sua hora técnica é alta e o trabalho normalmente é realizado por equipe de gestores. “Este profissional tem que reunir características pessoais bastante específicas para conduzir uma equipe constituída por pessoas com um grau de independência considerável”, afirma.

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Rita explica que, de acordo com o guia Project Management Body of Knowledge (PMBOK), publicado pelo Project Management Institute (PMI), o gestor se ocupa com o escopo, custos, tempo de duração do empreendimento e define a qualidade a ser obtida na obra. Também responde pela contratação dos recursos humanos, estabelece sistema de comunicação entre as equipes, faz análise de riscos, coordena as aquisições e organiza a integração entre todos os envolvidos. “Portanto, o trabalho do gestor é amplo, vai além de compatibilizar as disciplinas envolvidas na construção de um edifício e não é feito pelo arquiteto que concebe a forma do produto”, afirma ao complementar que a gestão de projetos, apesar de ter uma tônica aparentemente administrativa, necessita de um profissional com conhecimento técnico em construção.

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“Normalmente, o trabalho é realizado pelo dono do empreendimento, pela própria construtora ou por quem tem poder de decisão sobre a implantação do projeto. O gestor é quem contrata o arquiteto para fazer a coordenação técnica, com atuação mais próxima ao projeto no sentido de design do que ao negócio mais amplo”, ressalta.

Funções correlatas

Rita explica que, independente da estratégia a ser adotada para organizar o projeto – funcional, hierárquica, matricial, força-tarefa –, os envolvidos precisam saber identificar corretamente a quem recorrer para a tomada de decisões. “É importante que o gerente de projeto identifique as responsabilidades com clareza, não só no mesmo nível (projetista a projetista), mas também de quem está antes e quem está depois (gerência e produção)”, orienta.

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O coordenador, segundo avalia, tem a função de operacionalizar a gestão e se preocupa com os aspectos técnicos do empreendimento. Por isso é chamado de Coordenador Técnico. Faz o cronograma, descreve o escopo e as responsabilidades de cada membro da equipe de projeto, levanta custos, preenche checklists para controle da qualidade do processo de solução técnica, documenta a troca de informações e assim por diante.

“Meu escritório faz a coordenação de projetos e estamos evitando fazer a compatibilização separadamente do processo de desenvolvimento. Como coordenadores, fazemos a análise crítica dos projetos para identificar possíveis problemas não resolvidos e promovemos um debate técnico para encontrar a solução mais adequada. Portanto, nossa função é analisar os projetos e devolver aos projetistas responsáveis para solucionarem os problemas que surgem. Algumas questões, por exemplo, sobre processos construtivos, são encaminhadas aos gestores de projeto das construtoras.

Questões de produto são direcionadas aos gestores da incorporação. No meio deste caminho, coordenamos a comunicação entre projetistas e gestores, de maneira que todos tenham conhecimento das soluções técnicas que estão sendo adotadas”, explica.

Em sua opinião, é um equívoco contratar um profissional que irá ‘resolver todo o projeto’, na forma do que se tem chamado de ‘compatibilizador’. “O que se pode contratar é um profissional para auxiliar a coordenação técnica, executando o serviço de análise global dos projetos, para identificar possíveis incompatibilidades entre as disciplinas envolvidas, que somente os próprios projetistas responsáveis serão capazes de responder se elas são pertinentes ou não”, conclui.

 

 


Redação AECweb / Construmarket


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Rita Cristina Ferreira – É graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) em 1990 e fez mestrado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica Poli-USP em 2007. É vice-presidente da Associação Brasileira dos Gestores e Coordenadores de Projetos (AGESC), sócia e diretora da DWG Arquitetura e Sistemas desde 1994.

Tem experiência na área de Construção de Edifícios, incluindo Tecnologia da Informação aplicada a projeto e construção, Coordenação Técnica de Projetos para construção, desenvolvimento de Projetos de Produção, Gestão de Projetos de inovação, e atua com as seguintes abordagens e ferramentas: compatibilização de projetos, CAD 3D, Modelagem da Informação na Construção (BIM), Unified Modelling Language (UML), Rational Unified Process (RUP), abordagens ágeis para gestão de projetos e diretrizes do Project Management Institute (PMI).

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