O impacto da qualidade no gerenciamento de projetos de um empreendimento está diretamente vinculado à racionalização construtiva, que se estende até a execução das obras. “De acordo com a ISO 9001, a qualidade implementa a racionalização construtiva tanto na fase de projeto quanto na construção das obras civis, comerciais e industriais”, destaca o engenheiro Carlos Carrion, diretor da Geoconsultt/SP e professor de Gestão de Projetos e Obras.

São muitos os objetivos da coordenação de projetos e obras para alcançar a qualidade. Deve haver uma definição clara da responsabilidade de todos os envolvidos e dos requisitos e parâmetros para o desenvolvimento dos diversos projetos.

“É preciso tornar claro o conteúdo de cada projeto, o que abrange nível de detalhamento, memoriais descritivos e de cálculo, quantificação de materiais e insumos. E, também, todas as atividades previstas para os diferentes projetistas, como reuniões, visitas, revisões de projeto e as built”, explica. Uma boa prática é estabelecer a padronização da forma de apresentação das informações, bem como das representações gráficas.

Carrion ensina que não basta fornecer todos os levantamentos necessários, desde o planialtimétrico e do clima até as sondagens à percussão. “O gerente deve estabelecer uma única referência de nível, a ser adotada em todos os projetos, com agregação de tecnologia e racionalização dos processos construtivos”, recomenda.

Ele vai além ao sugerir a atuação dos gerentes de projetos e de obras na identificação das soluções para as interferências entre os diferentes projetos, buscando sempre a melhor técnica e economia de custos.

Garantir a troca de informações e a perfeita comunicação entre os envolvidos é tarefa do dia a dia do gerente de projetos na busca da qualidade. Ao definir o cronograma físico-financeiro, é essencial estabelecer prazos para desenvolvimento dos projetos pelos diferentes projetistas. Até porque, se ocorre atraso em um projeto, o desenvolvimento de outro fica comprometido.

MAIS AÇÕES

É o coordenador quem deve conduzir as decisões a serem tomadas no desenvolvimento do projeto e, ainda, convocar as reuniões para análise e liberação das diversas fases dos projetos. A integração entre o projeto e a obra precisa ser assegurada, incentivando a inserção de sugestões e do uso de ferramentas de engenharia de produção. Soma-se a ação de articular a contribuição dos setores de planejamento, orçamento, compras e custos.

“É fundamental que haja coerência entre o produto projetado e a forma de produção, considerando as tecnologias que serão adotadas e a cultura construtiva da empresa construtora”, ressalta. O gerente de projetos deve garantir, em conjunto com a produção, a integração entre as diferentes etapas da obra.

Conforme o trabalho avança, deve ser feito o controle da qualidade em todas as etapas de desenvolvimento dos projetos, com base nos requisitos e condicionantes previamente definidos. Outro controle diz respeito ao recebimento e aceitação dos projetos contratados, além da constante atualização dos projetos executivos distribuídos para a obra.

De acordo com o consultor, as obras devem ser acompanhadas pelos projetistas e gerenciador. “As avaliações do projeto e da construtibilidade, além das revisões dos projetos e respectivos registros, é atividade do gerenciador em conjunto com os projetistas. É importante a criação de um método de avaliação e retroalimentação dos problemas ocorridos durante o desenvolvimento dos projetos. Ao registrar todos os eventos importantes, será constituída uma memória técnica que o auxiliará em futuros processos semelhantes”, indica.

 

 

QUALIDADE DA OBRA

O planejamento da qualidade da obra inicia-se com a definição de todas as atividades e sub-atividades necessárias para a construção. “Normalmente estão inter-relacionadas. Mas é importante prestar atenção à forma de representá-las em um diagrama, para o qual há regras simples, tais como dividir o processo de construção em atividades bem definidas (Rede de atividades); relacionar cada atividade com o tempo e sua produtividade (Diagrama de barras); e considerar cada atividade em separado”, explica Carrion.

Nessa última fase, há questões a serem respondidas. Entre elas, as que se referem ao controle de entrada, ou seja, quais são os materiais, mão de obra e equipamentos necessários para iniciar a atividade? Em controle de processo, é preciso saber quais são os itens de verificação necessários para desenvolver a atividade; e em controle de saída, quais são os itens que devem ser verificados ao final da atividade.

“Essas informações devem ser expressas na forma de listas de verificação (check lists). A formulação das questões precisa ser feita de maneira que as respostas sejam, necessariamente, sim ou não. E de modo que a boa qualidade corresponda à resposta ‘sim’. Finalmente, é recomendável ordenar os diversos fatores que influem no resultado final e as causas que podem influir na qualidade da obra. Sua elaboração ajuda na análise de assuntos complexos”, explica o consultor.


COLABORAÇÃO TÉCNICA

Carlos Williams Carrion – Engenheiro Civil e mestre pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), com MBA em Gestão de Projetos pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). Tem 30 anos de experiência profissional, sendo atualmente consultor e diretor da Geoconsultt/São Paulo e professor de cursos de atualização em Gerenciamento de Projetos e Obras. Foi gerente de Projetos e Obras da Constran, Odebrecht, Geotécnica, Sade – Sulamericana de Engenharia e da Concremat em projetos e obras de infraestrutura e de construção civil, nacionais e internacionais.

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Gestor de Projetos: Engenheiro precisa se especializar

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