Parte crucial da obra, o conjunto fundação-estrutura está inter-relacionado. Não adianta ter uma estrutura bem dimensionada se a fundação for inadequada, e vice-versa. “Infelizmente o mercado valoriza mais a arquitetura de interiores e a corretagem das imobiliárias do que os projetos de estrutura e de fundação de uma obra”, lamenta Milton Golombek, sócio-diretor da empresa Consultrix, especializada em projetos de fundação.
Com custo que varia de 5% a 12% do total da obra, dependendo das características do empreendimento, a fundação não é a etapa mais cara, mas a que tem maior impacto no orçamento. “E ao contrário do restante da edificação – em que tudo é produzido pelo homem – está mais sujeita a imprevistos, uma vez que lida com elementos da natureza tais como o solo”, explica Golombek.
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Esses imprevistos ficam claros ao comparar terrenos de cidades litorâneas com os de outras cidades, como São Paulo. “As fundações dependem dos solos, que são diferentes em cada região. Em cidades litorâneas como Santos, por exemplo, é comum o uso de estacas com até 60 m de profundidade, o que não ocorre em outras regiões”, explica o especialista em mecânica dos solos.
Para a elaboração de um projeto de fundação são necessárias algumas etapas como levantamento planialtimétrico com níveis dos terrenos vizinhos, arquitetura, sondagens, demais ensaios geotécnicos e planta de cargas. “O projeto nasce a partir da análise dos elementos recebidos e não existe uma metodologia específica. O consultor procura sempre a solução técnica e economicamente viável para a obra”, revela Golombek.
Por ser consequência do projeto estrutural e arquitetônico, o projeto de fundação não gera conflitos com outros, mas pode haver dificuldades para sua execução. “Elas dependem do porte da obra, situação de vizinhos, quantidade de subsolos, topografia, disponibilidade de equipamentos no local, situações específicas como proximidade de hospitais, prazos e acessos”, diz Golombek.
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De acordo com o engenheiro, todas as técnicas existentes são utilizadas para fazer a fundação. “Existe hoje uma preferência pelas estacas de hélice contínua, devido à sua rapidez de execução e à ausência de vibrações, com custos competitivos”, diz.
Outras soluções utilizadas são as estacas feitas in loco e as pré-moldadas. “A escolha vai depender do tipo de solo e do nível do lençol freático, bem como da profundidade a ser atingida”, explica Golombek dizendo que há também as estacas metálicas que normalmente são utilizadas quando o estaqueamento precisa atingir grandes profundidades ou quando é preciso ultrapassar camadas resistentes. “Outra vantagem dos perfis metálicos é que transmitem pouca vibração durante a cravação, mas a desvantagem ainda é o custo maior do que o das estacas de concreto”, revela.
Em vigor desde outubro de 2010 a NBR 6122, que trata projetos e execuções de fundações, teve inúmeras alterações desde a edição de 1996 e trouxe mais segurança às obras. “Além da obrigatoriedade de medição de recalques, o ponto principal da norma é a obrigatoriedade de execução de provas de carga em estacas. Com isso, é possível obter melhora significativa no nível do conhecimento e a possibilidade de se elaborar projetos de fundações mais econômicos, com os devidos coeficientes de segurança”, afirma Golombek.
Redação AECweb
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Milton Golombek é formado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduado em Mecânica dos solos pela mesma universidade. Também possui pós-graduação em Administração de Empresas e Relações Industriais pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Foi presidente da ABEG (Associação Brasileira das Empresas de Projeto e Consultoria em Engenharia Geotécnica) de 2005 a 2009 e é sócio do Deep Foundations Institute (DFI).
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