Em uso no Brasil principalmente pelas construtoras de grande porte, o método PERT/CPM é aplicado ao processo de controle e desempenho de projetos, visando priorizar atividades para planejamento, coordenação e controle de modo mais eficaz.

A metodologia é realizada por meio do mapeamento de processos e definição das datas de mobilização e desmobilização de recursos, sejam eles financeiros, humanos ou materiais.

“No método PERT/CPM, todas as atividades de um projeto são detalhadas (até determinado nível desejado). Esse mapeamento de processos permite atribuir responsabilidade a cada ator, criar um fluxo de caixa preciso e, ainda, analisar a demanda de capital.

Permite, também, a identificação de atividades críticas, cuja eficiência no cumprimento da duração total do projeto é extremamente importante”, explica o professor doutor Antônio Edésio Jungles, do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

No método PERT/CPM, todas as atividades de um projeto são detalhadas”

Antônio Edésio Jungles

Como a metodologia atribui datas às diversas atividades, possibilita o controle da mobilização de recursos, assim como o controle dos contratos a serem firmados com projetistas e fornecedores, o que favorece a continuidade da obra e evita problemas de estrangulamentos de produção e interrupções de serviços.

“Com o controle, torna-se possível a comparação entre os tempos e os custos das atividades realizadas e os das atividades planejadas. Dessa forma, pode-se obter o desempenho do projeto”, sublinha, acrescentando que toda a base lógica de se pensar a evolução do avanço físico e financeiro de um projeto (empreendimento) se fundamenta na elaboração de uma rede PERT/CPM.

Atualmente, os softwares que estão disponíveis no mercado ou em desenvolvimento contemplam esta base lógica de raciocínio.

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Programas diferentes, objetivos similares

Especialista no assunto, Jungles conta que o Program Evaluation and Review Technique (PERT, em português Programa de Avaliação e Técnica de Revisão) e o Critical Path Method (CPM, Método do Caminho Crítico) surgiram em meados da década de 50 e 60, durante a Guerra Fria, para otimizar o uso de recurso e de tempo pelas empresas, que precisavam cooperar do modo mais eficiente e sinérgico possível.

De acordo com o professor, a diferença entre as duas ferramentas está na atribuição de durações aos processos. Enquanto no PERT a duração é determinada de forma probabilística, no CPM ela deve ser definida de modo determinístico.

Porém, como ambas têm os mesmos objetivos e possuem muitas características em comum, ficaram popularmente conhecidas como PERT/CPM.

“Esses métodos de gestão tinham como objetivo o planejamento, o controle e o acompanhamento dos diversos contratos estabelecidos entre o governo americano e as indústrias tecnológicas. As premissas envolviam o conceito de que, se as atividades fossem sequenciais, ou em série, bastaria somar a duração de cada atividade. Contudo, no desenvolvimento de um projeto, existem algumas atividades que são executadas simultaneamente, sendo necessário o uso da técnica da rede PERT/CPM para a definição de prazos e de sua duração”, ensina Jungles.

A rede PERT/CPM permite a noção de folga, dando elasticidade na alocação de recursos”

Antônio Edésio Jungles

Ao desenvolver o método, tinha-se em mente que reduzir o prazo de todas as atividades não era o modo mais eficiente e acreditava-se que a solução era achar as atividades ‘certas’ para acelerar o projeto, sem incorrer em significativo aumento de custo.

Essas atividades ‘certas’ foram batizadas de ‘cadeia principal’, que ficou conhecida como caminho crítico, ou seja, conjunto de atividades que possuem a menor folga e determinam a duração total do projeto, sendo que as modificações das datas dessas atividades repercutem no projeto como um todo.

Utilização do controle e desempenho de projetos na Construção Civil

A aplicação do método na construção civil se mostrou mais do que pertinente diante da complexidade de mais de mil ações que podem constituir um projeto.

Cabe à engenharia definir o plano sequencial ou paralelo de interdependência entre as atividades, enquanto a rede PERT/CPM se adéqua à representação da lógica definida. “A partir do momento em que a gestão do projeto começa a pensar a partir dessa lógica, é possível esquematizar o processo mental e organizar o empreendimento. Até porque a mente humana tem dificuldade para representar um grande número de atividades”, observa.

Para começar a entender a lógica do método, pode-se iniciar com um processo que implique 15 ou 20 atividades, já que uma grande rede é constituída pela somatória de outras pequenas.

Assim, o PERT/CPM se propõe a organizar o pensamento, o fluxo e a gestão do empreendimento. Com o advento das tecnologias de informação, os algoritmos passaram a simular, por meio de um computador, a duração do projeto e o caminho crítico.

As atividades do caminho crítico dependem de cada projeto, mas, quando atrasam, acabam por impactar o prazo final da obra. Outras atividades, porém, têm folga, ou seja, uma verdadeira margem de prazo passível de atraso.

“A rede PERT/CPM permite a noção de folga, dando elasticidade na alocação de recursos. Além disso, quando há atraso em uma etapa, o método demonstra como acelerar a execução para recuperar o tempo perdido, ou qual o impacto no final da obra se mantiver o atraso. Tudo isso é possível visualizar através da rede, desde que o profissional entenda sua lógica de planejamento e não apenas conheça o software”, comenta o professor.

Em engenharia, as ações são paralelas e interdependentes. Não é possível fazer a alvenaria se a estrutura não estiver pronta, ou o reboco se não tem a alvenaria. Essa interdependência é representada pela rede PERT/CPM.

A partir do momento em que montar a rede e tiver o tempo de duração dessas atividades, o cronograma físico pode ser elaborado, assim como torna-se possível identificar de que forma as atividades que possuem folga podem ser remanejadas para o final ou para a primeira data de término.

“As atividades do caminho crítico, contudo, não podem ser modificadas e devem iniciar e terminar nas datas previstas”, ressalta Jungles. Isto permite a alocação e o cumprimento dos três elementos fundamentais do gerenciamento de projeto: tempo, custos e qualidade.

Na construção de um shopping center, por exemplo, se os recursos estiverem disponíveis para reduzir de três para dois anos o tempo de construção, embora o desembolso tenha de ser feito em um prazo menor, o ganho com o faturamento da locação das lojas pode compensar.

O método PERT/CPM possibilita a avaliação do impacto da redução do tempo sobre os recursos.

“Hoje, as construtoras no país estão utilizando o método, que é um direcionador, um termômetro de muitos empreendimentos. Afinal, o planejamento é o norte e o guia, dando mais segurança ao investidor, que terá mais informações para a tomada de decisão. Como a construção civil possui um risco elevado, devido aos inúmeros fatores intervenientes, o investidor precisa de informações precisas para a tomada de decisão eficaz”, conclui.

 

 


Redação AECweb / Construmarket


Colaboração técnica

Antônio Edésio Jungles – Engenheiro civil pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com especialização em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (1984), mestrado e doutorado em Engenharia de Produção pela UFSC, com estágio na Universidade de Waterloo no Canadá e pós-doutorado pela University of Alberta.

Professor Titular da UFSC no Departamento de Engenharia Civil e no programa de pós-graduação de Engenharia Civil na área da Construção Civil.

É coordenador do grupo Gestão da Construção da UFSC. Área de atuação atual: Gestão de Empreendimentos, Analista de Custos e Avaliação de Riscos em Empreendimentos.

Em paralelo, desenvolve atividade coordenando o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas em Desastres (CEPED-UFSC).

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