Não é só com plantas que se projeta um jardim. Em entrevista ao Portal AECweb, Martha Gavião, que atua no mercado há mais de 20 anos com a empresa Martha Gavião Arquitetos Associados SCL, conta que o primeiro passo para fazer um projeto em paisagismo é conhecer o terreno.
“Mesmo em tempos de Google View e de outros programas que permitem a visualização do terreno, é fundamental conhecer o lugar pessoalmente, pois o projeto de paisagismo interage com a edificação e com a paisagem do entorno. Esse é o diferencial dos projetos de paisagismo: eles extrapolam os limites do terreno”, diz Gavião.
O bom projeto, segundo ela, procura esconder o que não é visualmente agradável na vizinhança e valorizar o belo. “Pode haver uma árvore maravilhosa no vizinho e indiretamente ela vai fazer parte no meu projeto. Assim como uma vista para o mar ou, mesmo em São Paulo, quando se está numa posição mais acima, de onde se consegue entrever as praças, as copas das árvores”, detalha.
O segundo passo é se adequar ao produto. Se for casa ou edifício, ou até mesmo um conjunto de prédios, é preciso verificar o que o cliente deseja. “Outro passo importante é obter toda a informação necessária, tanto do empreendimento quanto do entorno, porque, se descobrimos, depois de o projeto pronto, que o prédio ao lado fará sombra no paisagismo, teremos que começar de novo”, diz.
Cada projeto tem a sua especificidade e não há diferença se o objeto do estudo é uma casa ou um edifício, pois é possível desenvolver projetos desde super econômico até de alto padrão. “Claro que em um produto econômico tira-se ‘leite de pedra’, mas não é impossível fazer algo bonito com produtos mais baratos”, diz Gavião, reforçando que o projeto de paisagismo engloba tudo o que está na parte externa, como playground, pergolado e quadras.
A interface do projeto de paisagismo com o de hidráulica, elétrica e de impermeabilização na maioria dos casos é solucionada pelo escritório da arquiteta Martha Gavião.
“O ideal seria contratar um projetista para cada projeto, mas em um produto super econômico não é sempre que isso acontece. Em cerca de 90% dos projetos, nós fazemos a parte de elétrica. E contamos também com a ajuda dos fornecedores – e, quando não dá certo, chamamos os técnicos. No ano passado, tivemos dificuldade com a tecnologia do LED e, por isso, contratamos um profissional para um treinamento interno”, explica Gavião.
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A arquiteta afirma que procura especificar sempre a planta certa para o lugar certo, e leva em conta interferências como o sol e a chuva. “Damos preferência às espécies brasileiras, que são mais adaptáveis. Os projetos que têm certificação usam as plantas que mais se adéquam, e geralmente são espécies nativas ou adaptadas. Mas é preciso ter cuidado com alguns tipos de plantas, como as invasoras ou com as plantas que não são daqui, e começam a atrapalhar o crescimento das outras. É preciso ir atrás para se ter o produto mais adaptado ao meio ambiente. Se o mundo não começar a mudar, teremos problemas mais tarde”, explica Gavião.
O uso de telhados verdes, principalmente na cidade de São Paulo, está aumentando. “Sempre que possível indico o uso desses telhados. Ainda é um trabalho de formiginha, mas o que vejo em 22 anos de escritório é um avanço enorme”, comemora. Para esses telhados a arquiteta usa espécies que exigem pouca ou nenhuma manutenção, pois a ideia é facilitar a manutenção. A avaliação pós-ocupação, feita um ano após a ocupação do edifício é vista pela arquiteta como fundamental para os projetos do escritório.
“Em uma residência temos o contato direto com o morador, o que nos permite saber e fazer exatamente o que ele quer. No edifício isso é um pouco mais complicado, pois quando desenvolvemos o projeto as pessoas ainda não compraram os apartamentos, uma vez que entramos com o projeto antes de ser aprovado na prefeitura. Essa experiência de voltar ao local alimenta os projetos futuros, evitando erros indicados pelos moradores. Realizamos esse procedimento há dez anos e tem dado certo”, afirma Gavião.
Planejamento e organização são decisivos para gestão
Demanda por gestores de projetos deve ser crescente
Redação: AECweb
MARTHA GAVIÃO é formada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, São Paulo. Fez estágio prático em 1987 na Alemanha através de Bolsa de Estudos patrocinada pela FUBAE – Fundação Brasil-Alemanha de Estudos.
Há 22 anos, iniciou as atividades no escritório próprio, Martha Gavião Arquitetos Associados SCL., que presta serviços de projetos de arquitetura, paisagismo e planejamento. Desde então, foram desenvolvidos projetos de paisagismo para aproximadamente 800 edifícios residenciais e comerciais, residências unifamiliares, escolas e áreas públicas, além de projetos para aproximadamente 100 construtoras e clientes particulares.
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