Desde 2009 no Brasil, com sede no Rio de Janeiro, a International Project Management Association (IPMA) é a única entidade mundial a atestar que um profissional é gerente de projeto. Foi criada há 52 anos por profissionais do setor e tem origem franco-austríaca. Funciona em sistema federativo, com conselho constituído por representantes dos países associados. Nas reuniões bianuais, são debatidos temas como os problemas e o futuro da gestão de projeto.

Hoje, a IPMA tem mais de 300 mil profissionais certificados nos 73 países onde atua. No Brasil, são cerca de 300, com a meta de atingir mil em cinco anos.” Raphael Albergarias

“Hoje, a IPMA tem mais de 300 mil profissionais certificados nos 73 países onde atua. No Brasil, são cerca de 300, com a meta de atingir mil em cinco anos. Não trabalhamos com volume, mas com profissionais interessados em se diferenciar, através da nossa certificação”, diz o pesquisador Raphael Albergarias, presidente da entidade.

A associação não oferece cursos ou treinamentos. Mas ajuda a desenvolver conhecimento, como acaba de fazer ao criar o primeiro curso de doutorado em gerenciamento de projetos da América Latina. Sob a liderança de Albegarias em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas e a Universidade de Bourdeaux (França), o curso já está pronto para o mercado.

“Vai funcionar nas unidades da FGV do Rio de Janeiro e de São Paulo, nos finais de semana e feriados, para facilitar aos profissionais que trabalham”, conta. Anteriormente, a IPMA, junto com o Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos (IBEC) e a Bordeaux, criou o segundo curso do país de mestrado em gestão de projetos.

 

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Metodologias da IPMA

 

As certificações do IPMA abrangem o amplo espectro de metodologias de gestão de projetos. Vão desde metodologias ágeis para projetos na área de tecnologia da informação e inovação até as de stage-gate, como a do Front End Loading (FEL) idealizado pela Independent Project Analysis (IPA), amplamente utilizado para megaprojetos no Brasil. Soma-se a do Project Management Body of Knowledge (PMBOK) e a britânica Projects In Controlled Environments (Prince2).

“Reconhecemos todos os institutos como competentes naquilo que fazem. E entendemos que qualquer empresa de qualquer segmento tem competência para desenvolver sua própria metodologia de trabalho, independentemente do instituto em que está referenciada. O que nós analisamos é se o profissional utiliza a ferramenta dentro do contexto correto. Ou seja, se ele é capaz de entregar valor à organização”, acrescenta.

 

“O eixo de desenvolvimento da IPMA é o que chamamos de ‘olho da competência’. Está estruturado sobre três grandes pilares: comportamental, ou seja, quais as competências comportamentais que o profissional deve ter para com as pessoas dentro e fora do ambiente do projeto; elementos técnicos ligados ao projeto, abrangendo desde cronograma à gestão de riscos; e contexto, referente às competências de negócios ou contextuais para gerir o projeto, como conhecimentos de macro e microeconomia, legislação, projetos de engenharia”, diz.

Essas são as bases empregadas pela associação para a certificação de gerentes de projetos e que estão consolidadas no compêndio IPMA Competence Baseline, hoje na sua quarta versão. São quatro níveis de certificação, desde gerente de projeto até gerente de portfólio.

A categoria inicial, identificada como IPMA-D – Project Management Associate está fundamentada em conhecimentos, à semelhança de outras do mercado. Já a nível C é a única certificação existente no mundo que atesta que o profissional é, de fato, gerente de projeto. “As disponíveis no Brasil atestam apenas que a pessoa tem o conhecimento de determinado referencial daquela instituição”, comenta.

A partir do IPMA Level C  Certified Project Manager, a mensuração exige que o candidato se submeta a uma prova e apresente seu currículo. Deve indicar evidências de ter participado dos projetos relatados e nomes de profissionais que comprovem sua atenção nos cases – o que será verificado pela associação. Nesse nível, a experiência profissional fica entre cinco e oito anos, dos quais pelo menos três como gerente de projetos.

“Aprovado nessas etapas, o candidato passa por entrevista com dois assessores formados pela IPMA Global. Eles vão avaliar o nível de competência do profissional, de acordo com sua experiência em realizações e nos resultados concretos entregues à sociedade ou à organização”, explica.

O certificado IPMA Level B – Senior Project Manager está voltado para o profissional com currículo mais robusto e com mais idade. Os documentos e prova de veracidade das informações são semelhantes. Não há prova escrita, porém, durante a entrevista – mais aprofundada –, o candidato deve desenvolver um case.

Para a obtenção da certificação Senior, a experiência varia de dez a 12 anos, sendo cinco como gerente de projetos e, desses, três devem ser de atuação em projetos complexos ou como gestor de programa.

“A matriz de complexidade está alinhada com o The International Centre of Complex Project Management (ICCPM), australiano, que estabelece critérios para a análise do que é um projeto complexo”, informa.

O IPMA Level A – Certified Projects Director é concedido ao profissional com capacidade de articular estratégia e projeto, ou seja, está no nível de diretoria ou presidência. É aquele com autoridade para gerar projeto e responsável pela entrega dos resultados. Tem, em geral, mais de 15 anos de experiência, com cinco últimos atuando em gestão de portfólio comprovada em seu currículo.

“É um modelo utilizado por grandes empresas. Permite associar o nível de competência do profissional com o de complexidade do projeto que ele vai enfrentar na sua rotina de trabalho. Isso ajuda a organização e o RH a ter um mapeamento de competências, independentemente do cargo que o profissional está ocupando naquele momento”, esclarece.

Profissionais brasileiros certificados pela IPMA

 

O que falta na formação de base do engenheiro civil que atua como gerente de projetos na construção civil, especificamente, é a visão de pessoas e de negócios. ” Raphael Albergarias

Na avaliação do presidente da associação, os profissionais brasileiros de gestão de projetos são bem formados. “O que falta na formação de base do engenheiro civil que atua como gerente de projetos na construção civil, especificamente, é a visão de pessoas e de negócios”, avalia.

Falta a ele a competência que a IPMA chama de autocontrole, que é o entendimento de equipe, de como liderar, se comunicar e passar a informação. Por outro lado, há falha no entendimento do gerente de projetos do que é o negócio.

Para o pesquisador, o gerente de projeto no Brasil está mais focado no gerenciamento de contrato, no qual se apoia. Mas deveria olhar para o projeto de maneira a identificar como foi desenvolvido e suas eventuais falhas, para negociar melhor e fazer a entrega para o cliente.

“A primeira onda de gestão de projeto, que engloba os últimos 20 anos, conseguiu trazer conhecimento sobre fatores como cronograma e análise qualitativa e quantitativa de riscos. Mas, hoje, num cenário de crise e de não entrega das organizações ou de uma série de projetos que falham, concluo que o problema está nas pessoas e no seu entendimento de cenário, de contexto e no seu comprometimento. Essa é a segunda onda de gestão de projeto com foco em como integrar o negócio, as pessoas e a técnica”, conclui Albergarias.

 

Clique aqui para conhecer as tendências em gestão de projetos no Brasil.

 


 

Redação AECweb / Construmarket

 


 

Colaboração técnica

 

Raphael Albergarias – Administrador de Empresas, com MBA em Gerenciamento de Projetos pela UFRJ; mestre em Administração de Empresas pela FGV e doutorando em Administração pela ESC Rennes, França / FGV. Certificações profissionais: Professional Coach (SBC), IPMA-A, PMI-PMP, PMI-SP, Prince 2 Practitioner, Prince 2 Foundation e Orange Belt.

Mais de 15 anos de experiência em gestão de projetos e consultoria empresarial. Participação em mais de 85 projetos/programas, desde implantação de megaprojetos de upstream e downstream até implementação de ERP e Modelagem de Processos. Membro fundador e presidente do IPMA Brasil. Assessor Certificação IPMA. Diretor para desenvolvimento América Latina da IPMA (LATNET-Região 05).

Sócio do IDGP (Instituto de Desenvolvimento em Gestão de Projetos). Professor convidado de pós-graduação nas seguintes instituições: Sorbonne, Université Bordeaux, PUC-RJ, UFRJ, FIA/USP, IBMEC, UERJ, UVA e FGV. Pesquisador em Gestão de Projetos na POLI/UFRJ. Livros Publicados (coautoria): “Escritórios de Projetos, Programas e Portfólio na Prática”, Editora Brasport, 2012; “Nacional Competence Baseline” – IPMA Brasil, Editora NPPG, 2012; “Gerenciamento de Projetos em Tirinhas: especialistas comentam a rotina de Rosalina, a Gerente de Projetos”, Editora Brasport, 2015.

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