Com o objetivo de inserir a coordenação do projeto – desde a fase inicial da concepção da obra – no contexto da gestão do empreendimento, as disciplinas ‘Gestão de Empreendimentos (Project Management) e Gestão de Projetos (Design Management)’, ministradas no curso de pós-graduação ‘Gestão de Projetos na Construção’, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), conceituam e diferenciam essas duas funções.
Segundo a engenheira civil e professora do curso, Flavia Rodrigues de Souza, o gestor ou coordenador de projetos deve tocar o desenvolvimento do processo de projeto, como contratar projetistas e dar as diretrizes do trabalho, acompanhar todo o ciclo de evolução do empreendimento, entre outras funções.
“Já a gestão do empreendimento foca no que é o produto, quais são as principais diretrizes em termos de retorno, quais as partes interessadas que vão influenciar e ser influenciadas por esse empreendimento, entre outros aspectos. O coordenador de projetos está inserido na equipe do gestor do empreendimento e responde a ele”, afirma.
“A gestão do empreendimento foca no que é o produto, quais são as principais diretrizes em termos de retorno, quais as partes interessadas que vão influenciar e ser influenciadas por esse empreendimento, entre outros aspectos. O coordenador de projetos está inserido na equipe do gestor do empreendimento e responde a ele. ”
O cargo de coordenador de projetos em uma construtora ou incorporadora é de suma importância para o sucesso do empreendimento. “É no projeto que estão detalhadas, inseridas e consolidadas todas as características físicas e funcionais do edifício. Só que se esse trabalho e essas definições não forem bem definidos e pensados desde a fase de concepção, na etapa de execução de obras não haverá o projeto definitivo e as informações serão deficitárias, resultando em problemas”, explica Flavia.
E completa: “Se o gestor de obras não tiver os dados suficientes para dar andamento ao projeto, acabará incorrendo em decisões próprias, muitas vezes equivocadas, aumentando drasticamente os riscos do empreendimento, como a não entrega no prazo adequado, aumento nos custos pré-estabelecidos e mudanças na qualidade acordada”.
Um dos principais desafios do coordenador de projetos é atuar como facilitador de informações no contexto do processo de projeto e do empreendimento. “Ele é um agente que está no meio de um processo que envolve diversas empresas e ‘atores’, que estão em espaços físicos e têm prioridades distintas em relação ao empreendimento”, reforça a professora.
Ele precisa também se reportar ao gestor do empreendimento e atender as premissas estratégicas do projeto. Além de facilitar a comunicação de toda a equipe. “Em algumas empresas, o coordenador de projetos lidera uma equipe de 20 pessoas, por exemplo, e é importante que a comunicação seja efetiva e atenda a todas as partes”, comenta.
A formação do coordenador de projetos também é fundamental para o bom desempenho de suas atribuições. “Estamos falando de um profissional que tem como responsabilidade facilitar a tomada de decisões técnicas. Ou seja, precisa decidir, por exemplo, qual tecnologia é mais adequada e será usada no empreendimento. Ele precisa ter conhecimentos e entender como funciona cada item do projeto para poder tomar as decisões adequadamente”, diz Flavia.
“Ainda há muito o que evoluir na função do coordenador de projeto, mas o pouco que já está sendo feito hoje, tem agregado valor. ”
Atualmente, o entendimento em tecnologia da informação é muito importante. “O coordenador precisa estar alinhado em relação a essas tecnologias, como elas podem auxiliá-lo e podem ser trabalhadas em cada uma das especificidades”, comenta a engenheira, lembrando que a função do BIM Manager, profissional de tecnologia da informação que trabalha com softwares, hardwares e programação, não deve ser confundida com a do coordenador de projetos.
“Esses profissionais são parceiros. Em alguns empreendimentos com baixa complexidade, o coordenador de projetos consegue realizar a função do BIM Manager, mas o contrário não é possível. O coordenador de projetos precisa ter formação na área de construção civil”, completa.
Outra percepção da professora é que, além de conhecimento técnico de construção, os profissionais vêm buscando conhecimentos de gestão. “A formação dos cursos na área tem uma linha muito técnica e não de gestão. E o coordenador de projetos é em essência um gestor. Ele coordena os recursos de um empreendimento, seja ele tempo, dinheiro, informação entre outros. Além da formação técnica, é preciso a complementação em gestão”, conclui.
Redação AECweb / Construmarket
Flavia Rodrigues de Souza – Doutoranda na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) com a Tese “Diretrizes para organização da área responsável pela gestão do processo de projeto na empresa incorporadora: estrutura, pessoas, tecnologia e processos”. É Mestre pela Poli-USP com a dissertação “Implementação de Modelo de Gestão para empresas de projeto de edifícios”.
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