Uma das premissas ao desenvolver um bom projeto arquitetônico hospitalar é entender como irá funcionar e quais serão os serviços que vão ocorrer em cada um dos espaços, para torná-los flexíveis e adequados. “A humanização hospitalar é, também, um fator importante. Sempre escutamos a equipe de operação do empreendimento para entender como será o acolhimento do cliente. Quando a equipe ainda não existe, recorremos aos nossos profissionais internos da área de saúde – enfermeiras e médicos –, para apoiar os responsáveis pelo projeto. Temos uma programação interna para que, em determinado momento do planejamento, esses profissionais possam ser envolvidos”, diz Lauro Miquelin, arquiteto com Ph.D. em edifícios da saúde, fundador e diretor da L+M Arquitetura.
É importante fazer um levantamento das principais questões que compõem um projeto da área da saúde. São perguntas pertinentes: “Qual o caminho que o paciente irá percorrer ao chegar ao hospital para fazer uma cirurgia. Onde ele deixa o carro? O paciente terá que abrir uma ficha de internação? Hoje, ao viajar, as pessoas já recebem o check-in pelo celular, mas, ao programar uma cirurgia, a ficha do paciente é aberta na hora. Após a ficha aberta, como o paciente se encaminha para o setor? Algum profissional do hospital o acompanha? E se o paciente estiver com acompanhante? Até onde ele poderá estar junto? Onde ficam os pertences pessoais?”, indaga Miquelin.
Sempre que um equipamento de grande porte vai ser instalado é necessário um ‘olhar’ especial para a estrutura que vai recebê-lo. O conjunto de pilares e vigas precisa ser preparado para aguentar o sobrepeso. Caso contrário, podem ocorrer rachaduras afetando a segurança do edifício Lauro Miquelin
O arquiteto comenta que uma das diferenças entre a gestão de projetos de obras hospitalares das demais obras da construção civil é a quantidade e complexidade das instalações, como hidráulica, elétrica, ar condicionado e TI. Segundo ele, o ar condicionado exige tubulações específicas que ocupam espaço entre forros. Além disso, a infraestrutura, como a casa de máquinas para que o sistema funcione não é pequena, e esses espaços precisam ser pensados e reservados com planejamento prévio.
Algumas salas de um hospital recebem equipamentos de grande porte e pesados, como o de ressonância magnética, e que exigem tratamento especial. “Sempre que um equipamento de grande porte vai ser instalado é necessário um ‘olhar’ especial para a estrutura que vai recebê-lo. O conjunto de pilares e vigas precisa ser preparado para aguentar o sobrepeso. Caso contrário, podem ocorrer rachaduras afetando a segurança do edifício. Um detalhe que precisa ser lembrado é como o equipamento vai ser instalado, em quantas partes, quais os caminhos que as peças mais pesadas irão percorrer, para que se avalie a necessidade de reforço também no trajeto”, afirma o arquiteto.
A assepsia em hospitais é fundamental para evitar a propagação de doenças. “Alguns critérios para a escolha dos acabamentos como pisos, tintas e persianas devem ser seguidos. Por isso, a utilização de materiais que sejam de fácil limpeza, não porosos e que estejam de acordo com a vigilância sanitária de cada estado. São muito usados em hospitais: mantas vinílicas, superfícies revestidas com laminados melamínicos, tampos e superfícies em resinas com bactericidas”, diz o diretor.
Outro fator importante em hospitais é a facilidade de acesso das pessoas – rampas, portas, corredores largos e entrada separada para o pronto socorro. “Para que a circulação das pessoas – equipe de saúde e pacientes – seja eficiente, é feito um cálculo, exigido por lei, do número de pessoas de acordo com o número de horas de permanência no espaço. Esse cálculo colabora para que o dimensionamento seja feito da melhor forma. Mas vale lembrar que uma boa dose de bom senso é importante também”, comenta Miquelin.
Alguns critérios para a escolha dos acabamentos como pisos, tintas e persianas devem ser seguidos. Por isso, a utilização de materiais que sejam de fácil limpeza, não porosos e que estejam de acordo com a vigilância sanitária de cada estado. São muito usados em hospitais: mantas vinílicas, superfícies revestidas com laminados melamínicos, tampos e superfícies em resinas com bactericidas Lauro Miquelin
De acordo com o arquiteto, o projeto de iluminação em hospitais possui regulamentação para níveis de luminância em alguns ambientes, que devem ser seguidos. “Mais uma vez ter bom senso ajuda muito. No quarto, por exemplo, é importante tomar cuidado para que nenhuma luz incida diretamente no paciente, evitando ofuscamento”.
A construção de um hospital nem sempre é vista de forma positiva pela vizinhança. “Polo gerador de tráfego, o hospital acaba gerando aumento de circulação de pessoas na região. Para driblar essa situação, cabe ao gestor de projeto chamar a comunidade para debater. O hospital Samaritano, em São Paulo, virou case ao chamar a comunidade e avisá-la que uma grande obra seria erguida e afetaria diretamente os moradores da região. Só o fato de haver a comunicação aumentou a aceitação da vizinhança”, comenta o diretor.
Miquelin ressalta a importância de o gestor de projetos sempre analisar o impacto que a obra terá no funcionamento do empreendimento, definindo, por exemplo, horários de barulho. “Escolher materiais que não agridam o meio ambiente, estudar a geração de entulho e como reciclar o lixo que sai da obra são alguns pontos a serem pensados. A vida útil de um hospital dependerá, entre outras coisas, da manutenção que o edifício tem ao longo de sua vida. Mas temos exemplos de mais de séculos de existência”.
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Lauro Miquelin – arquiteto com Ph.D. em edifícios da saúde, fundador e diretor da L+M. Com quase três décadas de experiência, a L+M atende clientes de diversos perfis. A empresa atua com foco na operação e no desenho dos processos para obter o melhor de cada ambiente de saúde. Além disso, aplica a tecnologia como uma ferramenta adicional em busca dos melhores resultados. A empresa acumula ao longo de sua história 1,1 milhão de m² em projetos, 400 mil m² construídos e 360 clientes em todo o Brasil.
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