O gerenciamento eficaz pode apresentar resultados excepcionais e evitar riscos na obra. Para a economista Estela Lutero, consultora em gestão de projetos especializada no setor da Construção Civil, este tipo de investimento auxilia o empresário na tomada de decisões estratégicas do negócio.
Estela comenta que dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil (SindusCon-SP) no Estado de São Paulo mostram que, em 2013, deve se consolidar a tendência de crescimento moderado, próximo aos 4% ao ano, o que afasta o setor do avanço robusto registrado nos últimos anos.
“Aliada a essa conjuntura preocupante está a característica dos projetos do setor, que são compostos por atividades complexas e temporárias, com processos diferenciados e vinculados às mais variadas partes interessadas, denominadas stakeholders”.
Embora seja improvável que obras de grande complexidade ocorram exatamente conforme o planejado, Estela explica que a adoção de um método organizado de gestão pode fazer com que até mesmo o projeto mais tumultuado se torne suave, beneficiando o cliente, a construtora e a equipe envolvida. “Esta razão é suficiente para que uma empresa de Construção Civil invista na adoção das técnicas e ferramentas do gerenciamento de projetos”, defende.
A gestão de projetos é um esforço temporário, comprometido a cumprir metas e objetivos únicos, para trazer mudanças benéficas ou adicionar valor ao negócio. Trata-se da aplicação de habilidades, técnicas e ferramentas de planejamento, organização, comunicação, motivação e controle dos recursos para atingir objetivos específicos.
Nesse contexto, o principal desafio do gestor de projetos é atingir os objetivos do empreendimento, honrando as limitações pré-determinadas. O segundo desafio é otimizar a alocação dos recursos e integrar os objetivos do empreendimento aos da empresa e investidores.
A gestão inteligente do projeto fornece as ferramentas que permitem uma relação duradoura com o cliente. Ao adotar a gestão de projetos, a construtora passa a ter melhor eficiência na prestação de serviços, pois o gerenciamento fornece um roteiro fácil de ser seguido até a conclusão do empreendimento.
Com uma visão do todo é possível evitar os riscos e trabalhar com mais atenção e cautela na utilização dos recursos. Quando a construtora entrega o produto dentro do prazo e orçamento planejados, ela garante a satisfação do contratante.
“A gestão inteligente do projeto fornece as ferramentas que permitem uma relação duradoura com o cliente. Um projeto entregue conforme o previsto inicialmente favorece a imagem da empresa no mercado”, diz. Outro reflexo está no desenvolvimento da equipe, pois os resultados positivos inspiram os trabalhadores na busca da melhoria contínua, de modo a realizar suas tarefas com mais eficiência.
Estela comenta que a flexibilidade é um dos maiores benefícios da gestão de projetos. Ela permite seguir a estratégia para que o projeto seja concluído, mas se o gestor descobrir um caminho mais inteligente a seguir, pode tomá-lo, pois existem técnicas e ferramentas para lidar com as mudanças. “Isso por si só vale o preço da adoção do gerenciamento de projetos por parte de muitas empresas de pequeno e médio porte”, afirma.
Outra vantagem que a construtora tem em adotar métodos de gestão, segundo ela, é que quando os stakeholders estão alinhados e a estratégia está clara, os potenciais riscos na obra ficam evidentes e saltam aos olhos. O gerenciamento fornece a bandeira vermelha na hora certa, antes do início da execução do projeto, refletindo em maior eficácia na utilização dos recursos. “O aumento na qualidade é, muitas vezes, o resultado da melhor eficiência em gestão”, diz.
O aumento na qualidade é, muitas vezes, o resultado da melhor eficiência em gestão
Estela lembra que os empreendimentos da Construção Civil são famosos por estourarem o orçamento e prazos, e por se desviarem do escopo inicial. Também são conhecidos pela precariedade dos sistemas de comunicação e controles inadequados das mudanças.
Nesse sentido, diz, as boas práticas de gestão podem ajudar as construtoras a mudar esse cenário, aprimorando os processos relacionados ao ciclo de vida do projeto e prevenindo transtornos comuns às obras.
Entretanto, em muitas empresas existem executivos que não estão dispostos a seguir metodologias de gestão. Estela Lutero afirma que eles tendem a confiar em atividades comerciais rotineiras para concluir seus empreendimentos e costumam questionar os motivos de tantas metodologias para tocar uma obra.
Ocorre, diz ela, que ao longo dos anos, as pessoas envolvidas na gestão dos empreendimentos observaram que os projetos têm características comuns que podiam ser formalizadas em um processo estrutural, como guias ou manuais de melhores práticas. Independente da metodologia empregada, as abordagens levam em consideração a obtenção dos objetivos gerais do projeto, os limites do cronograma e custo, bem como os papéis e responsabilidades dos participantes e interessados.
Estela explica que há cinco principais fases para a gestão de projetos: concepção, planejamento, desenvolvimento, execução e transferência ou encerramento. Para melhorar e facilitar a governança, os projetos construtivos são divididos em fases. O conjunto de todas as fases é conhecido como o ciclo de vida e cada fase inclui um conjunto de resultados específicos, planejados com o objetivo de permitir algum tipo de controle gerencial.
Concepção: Cada novo empreendimento, não importa o escopo ou escala, começa com os estudos de viabilidade. Essa fase inclui a análise das metas do projeto, das limitações e restrições e dos requisitos do cliente. Na primeira fase também se avalia a viabilidade econômica e as alternativas para o uso dos recursos.
Planejamento e Design: Existe uma estreita relação entre as fases de planejamento e design. O planejamento começa logo após a concepção. Nessa fase, o design é discutido e os desenhos são gerados para aprovação do cliente. Entrevistas e reuniões com cliente determinam os detalhes do projeto e deixam mais claras as suas expectativas. Tais princípios como equilíbrio, ritmo, progressão e transição, escala, proporção e cores são cuidadosamente considerados, e um conceito completo da construção é apresentado por meio de ilustrações visuais como maquetes, AutoCAD, desenhos e ou modelos.
Construção: Essa é a fase da execução, quando são realizadas as principais tarefas relacionadas ao gerenciamento de contratos e das atividades-chave para garantir que a obra seja concluída conforme o planejado.
Encerramento: Após a conclusão da obra, o projeto está pronto para o teste final e para as operações de start-up. Se tudo estiver conforme os requisitos, a obra é transferida para o proprietário.
Estela Lutero comenta que, com as obras para a Copa do Mundo, Olimpíadas, exploração do petróleo do pré-sal e investimentos em infraestrutura, o Brasil tem a quinta maior demanda por gestores de projetos do mundo. Segundo informa, nos próximos sete anos, serão necessários mais de 1,3 milhão de profissionais. Para atender a esta demanda, diversos cursos de capacitação de Gestão de Projetos estão sendo criados no Brasil com parcerias entre renomadas universidades brasileiras e estrangeiras.
“Segundo o PMI, o volume de cursos voltados a capacitar gerentes de projetos em universidades brasileiras cresceu 80% nos últimos cinco anos”, informa.Diante disso, algumas empresas optam por treinar o pessoal interno. Outras contratam consultorias especializadas, que não estão contaminadas pela cultura interna da empresa e apresentam resultados inovadores e imediatos.
“Os benefícios de se contratar uma consultoria se refere ao fato de que o profissional consultor não está contaminado pelos prováveis vícios dos processos pré-existentes. Pois, ele faz uso de práticas e conhecimentos dos quais a construtora contratante não dispõe, o que trará novos resultados à empresa”, conclui.
Redação AECweb / Construmarket
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Estela Lutero – Economista e Consultora especializada em Gestão de Projetos para a área de Construção Civil e Mercado Imobiliário, com atuação em Planejamento Estratégico, Gestão da Cadeia de Suprimentos, Gestão de Contratos, Parcerias Público e Privadas (PPP), Economia, Infraestrutura, Planejamento Urbano, Desenvolvimento Rural, Sustentabilidade e Comércio Internacional.
Tem experiência profissional em governos e organizações privadas no Canadá, no Brasil e na Escócia. É professora, pesquisadora sênior e analista, com atuação acadêmica internacional em instituições, como a Universidade de Campinas (UNICAMP), Universidade de Calgary (Canadá), Universidade de St-Andrews (Escócia), McGill (Montreal), ESALQ, UFLA, PUCCAMP.
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