Por que muitos projetos iniciados acabam não chegando ao fim? De acordo com a professora Greice de Bem Noro, que estuda o tema em seu doutorado na Universidad Nacional de Misiones, em Posadas, Argentina, isso acontece, boa parte das vezes, porque os critérios para a gestão de projetos não são (ou são pouco) embasados em princípios sustentáveis, sejam eles econômicos, ambientais ou sociais.
“Procuramos entender quais critérios contribuem para que um projeto chegue ao fim desviando-se minimamente dos seus objetivos iniciais”, diz.
Procuramos entender quais critérios contribuem para que um projeto chegue ao fim desviando-se minimamente dos seus objetivos iniciais. ” Greice de Bem Noro
Segundo Noro, na construção civil, a aplicação dos critérios de sustentabilidade na gestão de projetos é praticamente uma obrigação.
“Isso pressupõe terminar um projeto dentro do prazo, do custo e com o mínimo de consequências negativas para os três pilares – econômico, ambiental e social”, recomenda, acrescentando que, a partir desses critérios, é plausível tomar a decisão correta diante dos vários subprojetos que compõem uma obra.
Escopo, custo e tempo
Em seus estudos, a pesquisadora parte dos critérios básicos utilizados para tomada de decisão na gestão de projetos, denominados tripla restrição, ou seja, escopo, custo e tempo.
Evolui para conceitos mais amplos, como o da sêxtupla restrição – que inclui a tripla restrição mais qualidade, recursos e riscos – e o da visão baseada em negócios, que leva em consideração a relação com o mercado e o valor da empresa.
Outro importante modelo são os critérios propostos por Atkinson, um dos primeiros autores que abre o leque para os mais sustentáveis.
Há, nessa prática, benefícios gerados ao mercado, aos stakeholders e aos internos da organização. “São critérios mais amplos que atingem um número maior de stakeholders na tomada de decisão”, ressalta.
É preciso planejar e se antecipar aos riscos, de maneira eficaz, com respostas preventivas. ” Greice de Bem Noro
Gestão de projetos e comunicação
É imprescindível que o gestor de projetos prime pelo gerenciamento eficaz do processo de comunicação – que compõe uma das dez áreas de conhecimento do Project Management Institute – PMI, e envolva todos os stakeholders.
“Em um projeto, temos vários atores, com destaque para o proprietário, o arquiteto, o gerente de projetos e os executores. Mas quem manda no projeto é quem paga, ou seja, o cliente. Exemplo disto é que o arquiteto desenvolve suas propostas com base na necessidade do cliente, enquanto o gestor de projetos tem a responsabilidade de fazer fluir a comunicação entre os stakeholders”, diz.
A docente ainda enfatiza outro importante fator para o sucesso na gestão de projetos, que é o gerenciamento dos riscos inerentes ao projeto, desde seu planejamento.
“À medida que prevejo os possíveis riscos e a sua probabilidade de ocorrência, bem como suas consequências nos vários subprojetos, tenho condições de definir o rumo a ser tomado em cada situação. É preciso planejar e se antecipar aos riscos, de maneira eficaz, com respostas preventivas”, recomenda.
Redação AECweb / Construmarket
Colaborou para esta matéria
Greice de Bem Noro – Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com mestrado em Engenharia de Produção pela mesma instituição.
É Doutoranda em Administração pela Universidad Nacional de Misiones, em Posadas, Argentina, e pesquisadora do Grupo de Pesquisa: Gestão Ambiental e Segurança e Saúde Ocupacional, junto ao Diretório dos Grupos de Pesquisa do Brasil da CNPq.
Atualmente, é proprietária da empresa Nação Verde, na cidade de Santa Maria (RS), e Diretora Administrativa da Associação de Desenvolvimento Sustentável de Santa Maria, além de atuar como docente na pós-graduação, nas áreas de gestão de projetos, gestão de pessoas e sustentabilidade.