Gestão de Projetos na Construção Civil

Gestão arquitetônica pode garantir mais qualidade aos projetos

Há quem diga que o arquiteto perdeu espaço na construção civil – hoje ocupado pelo mestre de obras e o carpinteiro, que viraram gestores de obras. Para garantir que a construção respeite o projeto, o escritório de arquitetura e urbanismo Loeb Capote, criou em 2012, a empresa Ybyraa, focada justamente no gerenciamento de projetos e obras.

“Começamos fazendo o gerenciamento dos nossos próprios projetos porque percebemos que muitos acabavam sofrendo alterações que iam contra seus conceitos básicos”, afirma Luis Capote, sócio da Loeb Capote e coordenador de gestão de projetos da Ybyraa.

Ele explica que, muitas vezes, o custo da obra ultrapassa a meta do cliente e a construtora acaba fazendo alterações. “Quando começamos a atuar como gerenciadores, participamos dessas decisões e conseguimos que o projeto fique dentro do custo almejado, mantendo também o conceito arquitetônico validado pelo cliente”, comenta, informando que a Ybyraa faz a gestão das diversas disciplinas de projetos sob a coordenação e compatibilização da Loeb Capote.

Começamos fazendo o gerenciamento dos nossos próprios projetos porque percebemos que muitos acabavam sofrendo alterações que iam contra conceitos básicos

O arquiteto conta que o gerenciamento de obras atua desde a concepção do projeto, passando pelo processo de concorrência. “Chamamos quantas construtoras o cliente achar adequado, fazemos a pré-seleção, cotação, equalização, e trabalhamos com as melhores propostas para atingirmos o custo definido. Depois de escolhida a construtora, às vezes, é necessário fazer um processo de reengenharia – reprojetar com a empresa vencedora para atingir o valor objetivado pelo cliente. A partir daí, damos início à obra. Dependendo do tamanho, montamos uma equipe enxuta e trabalhamos com o apoio do escritório, atuando até o final”.

E completa: “Depois de concluída a construção, fazemos o apoio pós-obra, monitorando os serviços, fazendo o check list até a construtora sair do processo”.

Segundo Capote, a diferença do gerenciamento de projetos e obras estar nas mãos do arquiteto é que esses profissionais têm uma preocupação maior com a qualidade do projeto. “Por sua própria formação, os arquitetos prezam muito pela qualidade dos espaços, acabamentos, enfim, em como aquele edifício vai ficar para o usuário final”.

Ele comenta que no mercado, em geral, é possível observar uma falta de cuidado com essas questões, importando somente o custo, e explica: “Corta-se alguns elementos do projeto arquitetônico original, como a janela especificada e de melhor qualidade, visando diminuir o custo. Mas o que farão para compensar essa perda de qualidade? Essa é nossa função, é com isso que trabalhamos”, diz, complementando que é seu papel cotar e apresentar ao cliente outras possibilidades, principalmente quando se trata de item considerado muito caro, evitando a mudança do conceito arquitetônico original ou, caso necessário, alterando com critério. “Esse é o grande diferencial”, diz.

O coordenador afirma que existem vários modelos de gerenciamento no mercado. “Há empresas somente de gerenciamento de obras, outras que desenvolvem o projeto e fazem também a gestão e, ainda, os departamentos de gestão de projetos e de obras das construtoras. Para nossa expertise, é possível nos adaptarmos a qualquer modelo. Cabe ao cliente escolher”, diz, ressaltando que o formato ideal é o próprio projetista gerenciar a obra, já que ele vai defender os interesses e o trabalho que foi realizado a quatro mãos – junto ao cliente – até a conclusão da construção.

“A construtora toca a obra, o dia a dia da construção. Cabe ao gestor de projetos e obras a interface com o cliente, o que normalmente é feito por uma empresa terceira. O mais adequado é projetar e fazer o projeto acontecer até o final sob a gestão da arquitetura”, reforça.

Prazo, preço e qualidade

O desafio é fazer a gestão do contrato não virar uma gestão por crise. O ideal é uma parceria entre todos os envolvidos, inclusive o cliente, colocando todos do mesmo lado da mesa. Afinal, o objetivo é construir bem. E o que vai ficar é o empreendimento

A função de gestor é fundamental para o cumprimento do prazo, do preço e, ainda, para assegurar a qualidade do projeto até sua execução. “É uma luta, um conflito produtivo. O desafio é fazer a gestão do contrato não virar uma gestão por crise. O ideal é uma parceria entre todos os envolvidos, inclusive o cliente, colocando todos do mesmo lado da mesa. Afinal, o objetivo é construir bem. E o que vai ficar é o empreendimento”, comenta Capote.

De acordo com Capote, essa função já é uma realidade do mercado da construção civil brasileira. “Metade dos projetos feitos pela Loeb Capote Arquitetura e Urbanismo opta pelo serviço de gerenciamento. E esse número vem crescendo. Os clientes cada vez mais compram o pacote completo – contemplado pelo projeto mais gerenciamento. A grande vantagem para o cliente é ter um único interlocutor, com quem poderá tratar do começo até o fim da obra, e que acompanhou todo o histórico do projeto”, finaliza.

Redação AECweb / Construmarket

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Luis Capote – Formado em 1998 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie. Ingressou no escritório Roberto Loeb e Associados no ano 2000, sendo sócio desde 2004. Em 2012 fundou juntamente com o arquiteto Roberto Loeb as empresas LoebCapote Arquitetura e Urbanismo e Ybyraa empresa de gerenciamento de projetos e obras, com a participação dos arquitetos Damiano Leite e Chantal Longo.

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