As premissas de um bom projeto arquitetônico de centros educacionais devem levar em consideração o público, funcionamento, horários e atividades. De acordo com Carolina Almeida, arquiteta e coordenadora da obra de ampliação da UFABC – Universidade Federal do ABC –, realizada pela construtora MPD, os três novos prédios em construção serão voltados para alunos das áreas de engenharia e exatas e, por isso, terão muitos laboratórios.

Os laboratórios serão alimentados por gases para que os alunos possam realizar pesquisas técnicas com hidrogênio e ar comprimido, o que exigirá shafts exclusivos para eles. A tubulação que levará os gases passa pela fachada em um caminho horizontal. “Optamos também por colocá-los no térreo, evitando que o peso fique em uma laje. Mas preparamos a estrutura, tornando-a mais robusta para que, no futuro, a universidade instale novos laboratórios nos pavimentos superiores. Outro requisito no projeto desse ambiente é um sistema de exaustão específico que extraia os gases exalados no interior e jogue-os para o exterior”, explica Almeida.

CONFORTO TÉRMICO E ACÚSTICO

Em centros educacionais, o empreendimento será entregue pronto e o uso será conjunto Carolina Almeida 

Os projetos acústicos e térmicos também precisam ser muito bem-pensados dentro de escolas. “Para os novos prédios da UFABC foi contratada uma empresa de acústica que está avaliando, em cada ambiente, quais são as premissas necessárias. Há salas de aulas, auditórios, corredores. É preciso encontrar uma forma de como amenizar o barulho de entrada e saída dos alunos das salas de aula para que não interfiram em uma palestra, por exemplo, que esteja acontecendo no auditório. Para isso, é necessário um sistema acústico especial”, comenta a arquiteta.

MATERIAIS ESPECÍFICOS

Para ela, uma das diferenças entre a gestão de projetos de centros educacionais para outras obras da construção civil é a escolha dos materiais. “É diferente, já que o uso é distinto também. No caso da UFABC, como ela é uma faculdade de tecnologia, o cliente buscou usar produtos que tenham essa preocupação, como o sistema de ar condicionado inteligente, até para que o prédio sirva de exemplo aos alunos”, diz a coordenadora.

Os edifícios precisam ter vida longa e, portanto, devem ser adaptáveis. Precisam ser úteis não somente hoje como também no futuro Carolina Almeida 

Os materiais utilizados devem considerar durabilidade, funcionalidade e segurança. Os centros educacionais são edifícios muito mais públicos do que os prédios comerciais, por exemplo, onde as salas são privativas. Ele é pensado como um todo e não em partes, onde cada proprietário vai fazer o que quiser da sua unidade. Em imóveis residenciais, por exemplo, os pisos não são entregues pela construtora. Cada proprietário decide o revestimento que quer colocar. “Já em centros educacionais, o empreendimento será entregue pronto e o uso será conjunto”, ressalta Almeida.

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De acordo com a arquiteta, de maneira geral, o projeto de arquitetura de centros educacionais deve contemplar todas as funcionalidades inerentes ao uso do edifício, como conforto ambiental – térmico e luminotécnico –, segurança e acessibilidade. O prédio deve estar apto a receber todos os públicos de maneira funcional, confortável e segura. 

FLEXIBILIDADE É TENDÊNCIA

De acordo com a coordenadora, a principal tendência em projetos de centros educacionais é a flexibilidade. “Os edifícios precisam ter vida longa e, portanto, devem ser adaptáveis. Precisam ser úteis não somente hoje como também no futuro. Na UFABC, em vez de colocar lajes do tipo 1 nas salas e nos laboratórios, optamos por todas as lajes do tipo 3, que aguenta mais peso. Caso, um dia, todas as salas de aula virem laboratórios, já estará tudo pronto para a mudança”. Assim, algumas questões técnicas merecem ser superdimensionadas, para permitir flexibilidade do edifício no futuro.

Assim como a tecnologia, a sustentabilidade também é outra preocupação presente nos projetos educacionais. “Na UFABC, estamos estudando a implantação de algumas soluções como a cogeração de energia, através do aproveitamento da energia do ar condicionado na rede elétrica, por exemplo, e do uso de células fotovoltaicas para a iluminação. Outros recursos não entrarão em funcionamento agora, por questão de custo, mas deixaremos o prédio preparado”, explica Almeida. É o caso do aproveitamento da água da chuva, de reúso de águas cinzas e a resultante do tratamento de esgoto. Para facilitar a implantação futura, as colunas ficarão já separadas, e os locais que vão abrigar os reservatórios estarão demarcados para, mais à frente, receber os sistemas de tratamento.

Em uma escola, a iluminação deve ser funcional e não cênica. Em um salão multiuso, a luz precisa ser adaptável para todas as situações, o que exige a criação de várias opções, de acordo com o uso Carolina Almeida 

Normalmente, o prazo para a construção de um centro educacional é menor do que em empreendimentos residenciais ou comerciais. “Em um prédio residencial, por exemplo, há a questão comercial também. É preciso que os apartamentos sejam vendidos. Entre o lançamento e a entrega, normalmente, são três anos. Já a obra dura um pouco mais de dois anos. No centro educacional, como é um cliente único, ou ele tem o dinheiro ou não tem. Então essa obra normalmente é mais rápida”, afirma a arquiteta.

ILUMINAÇÃO

Para que cada ambiente tenha a iluminação necessária a cada atividade, é preciso contratar um projetista de luminotécnica. “Em uma escola, a iluminação deve ser funcional e não cênica. Em um salão multiuso, a luz precisa ser adaptável para todas as situações, o que exige a criação de várias opções, de acordo com o uso. Sensores de presença são bem-vindos para a economia de energia, assim como o acendimento das luzes a partir dos pontos mais distantes das janelas, como usamos na UFABC”, conclui.

Veja projetos de centros educacionais na Galeria de Arquitetura: Alojamento Estudantil na Ciudad del Saber, Escola FDE Jardim Ataliba LeonelEdifício-Sede do Projeto Viver

Redação AECweb / Construmarket

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Colaborou para esta matéria:

Carolina Almeida – Arquiteta formada pela Universidade Mackenzie de São Paulo, com 22 anos de experiência em projetos e gestão de projetos nas áreas de incorporação e construção. Atualmente sócia-proprietária da Olhar Arquitetura, empresa voltada à gestão de projetos e processos de incorporação imobiliária, além de projetos de arquitetura.

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