Ferramentas de gestão de projetos, de pessoas e de processos próprias da administração e da engenharia de produção estão à disposição do gestor de projetos. Elas permitem a avaliação e o acompanhamento de diversos aspectos do projeto, como controle financeiro, prazo mediante cronogramas e otimização de pessoal. “Essas avaliações aprimoram o projeto, evitando surpresas desagradáveis antes, durante e no pós-obra”, comenta Gilberto Olympio Mota Fialho, professor da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Poli-UFRJ).
Algumas técnicas são simples e eficientes, como a Árvore de Falhas empregada na análise de riscos; o gráfico de Gantt, que avalia a evolução das etapas da obra; a Curva ABC de organização de orçamento de insumos, mão de obra e equipamentos; o PDCA, modelo de gestão da qualidade; e o Diagrama de Pareto, que ajuda a definir os problemas prioritários a serem resolvidos em uma obra.
“Há uma série de ferramentas de gestão que podem ser aplicadas em várias áreas do conhecimento, em qualquer empreendimento que tenha início, meio e fim. Quando o coordenador conhece e sabe aplicá-las, favorece muito a gestão de projetos”, comenta Fialho, lembrando que há, ainda, conceitos importantes que devem ser adotados no dia a dia dos gestores, para obtenção de melhores resultados nas obras. Nesse aspecto, destaca-se a visão sistêmica ou integrada do empreendimento. Quando não praticada, algum aspecto relevante pode ser esquecido, e isso ser percebido só no final da obra. É comum, por exemplo, verificar-se que, depois de um viaduto pronto, ligando os pontos A e B, o correto seria conectar o A ao C. Ou que o paisagismo de um edifício recém-inaugurado é rapidamente marcado pelas passadas dos transeuntes, matando a grama. Isso indica que havia um caminho preferencial que não foi considerado pelo projeto.
De acordo com o professor, as variáveis de um empreendimento são muitas. A engenharia brasileira usa o critério de selecionar as principais e dirigir toda a atenção para elas. “Porém, pode ocorrer de negligenciar uma variável aparentemente sem grande importância, até descobrir seu verdadeiro peso na construção”, diz.
Uma das variáveis a que se refere é o aspecto ambiental de um projeto, que pode estar vinculado à vizinhança, à poluição atmosférica ou de águas. Ou, ainda, na parte operacional, a gestão de projetos pode negligenciar o uso do empreendimento. Em edifícios residenciais ou corporativos, é comum a garagem ter vagas praticamente inviáveis para estacionar. Outro exemplo são as estações de metrô sem escadas rolantes de acesso – segundo Fialho, problema comum no Rio de Janeiro. “Como fica a acessibilidade para pessoas com dificuldade de locomoção? ”, indaga.
Em casos assim, por falta de uma visão integrada do empreendimento, o erro começa na concepção do projeto. Mais à frente, por falta de um gestor de projetos ou da inexperiência com essa visão sistêmica, o problema continua até a execução e entrega da obra. “Esses erros estão ligados ao mau uso das ferramentas de gestão, mas sobretudo passam pela educação dos gestores de projetos”, pontua.
A responsabilidade do gestor é concluir o empreendimento no prazo certo, com qualidade adequada – atendendo aos requisitos de projeto –, e dentro do orçamento previsto. Para Gilberto Fialho, as ferramentas de avaliação do projeto têm papel importante na melhoria da gestão, porém, nem todo engenheiro ou coordenador de projetos domina esse conhecimento.
“Muitas dessas técnicas não são ensinadas na faculdade de engenharia”, menciona, sugerindo que gestores de projetos podem se apropriar dessas ferramentas de maneira autodidata, pois há muita literatura a respeito. “Além da utilidade no cotidiano da coordenação de projetos, as ferramentas de gestão de produtos, de processos e de pessoas possibilitam ao executivo migrar de uma empresa para outra, de área completamente diferente, e ainda assim atuar com competência”, conclui.
Redação AECweb / Construmarket
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Gilberto Olympio Mota Fialho – Engenheiro Civil (UFRJ, 1973), com especialização em Portos (IME, 1976), mestre em Ciências (COPPE/UFRJ, 1980) e doutor em Ciências (COPPE/UFRJ, 1999). Desde 1977 é professor associado na Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Poli-UFRJ), atualmente ministrando, entre outras, a disciplina Gestão de Projetos. Desde 2008 atua também na pós-graduação lato sensu como coordenador e professor de Cursos de Especialização in company para empresas como Vale, Petrobras, Transpetro.
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