Escopo pode ser definido como a soma total de todos os produtos do projeto e seus requisitos ou características, detalhando os objetivos que se pretende atingir. Sua elaboração é de fundamental importância em qualquer projeto da Construção Civil. Nele deve constar claramente o que deverá ser entregue e as estratégias a serem adotadas para se entregar o empreendimento de acordo com a expectativa do cliente.

Levantamento completo

O professor João Carlos Boyadjian, coordenador dos cursos de Pós-graduação em Gerenciamento de Projetos do Instituto de Educação Tecnológica (IETEC) e do Instituto Nacional de Pós-graduação em São Paulo (INPG), explica que para elaborar o escopo do produto é preciso fazer o levantamento de todos os requisitos e necessidades básicas do projeto.

Em sua definição, é preciso inserir as características técnicas e construtivas, tipos de acabamentos e instalações e demais itens de uma construção.

“No escopo precisam estar contempladas as características de desenvolvimento do projeto, que inclui as etapas construtivas e todas as suas realizações, premissas, restrições, critérios de mudanças e aprovações, e também as exclusões claramente contempladas, para que haja uma boa gestão do pleito”, afirma Boyadjian.

Em sua opinião, o escopo contempla a elaboração de uma Estrutura Analítica do Projeto (EAP), do inglês Work Breakdown Structure (WBS), que estabelece como será a organização do trabalho durante o desenvolvimento do empreendimento, desde a fase de projetos, passando pelo processo construtivo até a entrega da obra.

Seu gerenciamento requer processos de monitoramento e controle para validar todas as etapas contempladas no projeto. É necessário, também, planejar como as alterações de escopo serão administradas e aprovadas, de modo a facilitar a gestão da obra.

Imprevistos acontecem

Boyadjian explica que durante a construção sempre surgem novidades decorrentes de inovações tecnológicas, ou alterações de projeto solicitadas pelo cliente ou por necessidades regulatórias, que podem exigir mudanças – e tudo isso precisa ser bem administrado, pois interfere em prazos e custos da obra.

“A gestão de prazos, custos, qualidade, meio ambiente e saúde, depende da boa elaboração do plano do escopo. Estabelecendo com clareza o que será o produto a ser entregue e suas características, o gerenciamento fica mais fácil”, opina.

Gestão Ambiental

Com o escopo pronto é preciso registrar o projeto na prefeitura e obter o EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório de Impacto ao Meio Ambiente).

“Esses documentos são obtidos em órgãos públicos, cujas exigências costumam atrasar o início das obras. Entretanto, todo empreendimento precisa da aprovação de seus projetos pelos organismos de meio ambiente, em todas as esferas da administração pública”, explica o professor.

Para que o plano de ação possa atender às exigências ambientais deve ser elaborado por profissionais especializados, que tenham conhecimento das questões relativas ao meio ambiente e dos trâmites burocráticos nas três esferas governamentais.

“Este trabalho depende de um bom escopo, onde deve estar detalhado tudo que o empreendimento vai exigir em termos de sustentabilidade e métodos construtivos a serem adotados em seu desenvolvimento”, diz.

Conforme o tipo de construção, bem como sua localização, se elabora o detalhamento das ações para a obtenção do EIA-RIMA. Este planejamento deve prever como será a recuperação ou compensação das áreas degradadas devido ao desenvolvimento do projeto, bem como sua manutenção para evitar problemas ambientais depois da obra concluída.

O plano ambiental deve estar embasado nas normas federais, estaduais e municipais que regem a política ambiental brasileira, seguindo as determinações da ISO-14000 para ser desenvolvido.

Sua elaboração deve atender às exigências legais conforme os requisitos e características locais.

Planejar é preciso

Boyadjian afirma que existem ferramentas de planejamento que permitem simular o impacto da obra na região onde será implantada, possibilitando promover alterações ainda na concepção do empreendimento. “Na prática, trata-se de um projeto à parte que deve levar em consideração as características locais, como terreno, flora, fauna da região onde será desenvolvida a obra e seus impactos”, orienta.

Apesar de a obra só poder ser iniciada após a obtenção do EIA-RIMA, ela pode ser alterada e até mesmo paralisada caso surjam problemas não previstos no desenvolvimento do projeto executivo. Com o processo construtivo iniciado, entra em cena a gestão ambiental no canteiro de obra.


O gestor deve acompanhar como as pessoas estão sendo administradas e se o plano ambiental está sendo seguido. Devem ser feitas medições para saber se os impactos no meio ambiente estão de acordo com o planejado e aprovado no EIA-RIMA.

Boyadjian alerta que, mesmo com um bom escopo e planejamento adequados, podem ocorrer problemas durante a execução da obra, exigindo medidas corretivas que vão resultar em ampliação de prazos e custos.

Quando uma sondagem de terreno não é bem feita em todos os seus detalhes, surgem surpresas durante a construção. O professor comenta o ocorrido nas obras da terceira linha do metrô de Roma, que precisaram ser paralisadas porque foi encontrado, na Praça Venezzia, próximo ao Coliseu, um edifício que os arqueólogos não haviam detectado durante as obras de prospecção.

Os trabalhadores descobriram um auditório romano do século II, da era do imperador Adriano, com dois terraços, filas para plateia, corredor com piso de mármore, que era destinado a recitais de poesia e debates públicos.

“Quando ocorre um problema dessa grandeza, a obra é paralisada e, caso não seja encontrada uma solução, pode até ser cancelada”, conclui.

Redação AECweb / Construmarket

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COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA

João Carlos Boyadjian – Administrador de Empresas pela Universidade São Judas Tadeu (USJT) e mestre em engenharia naval pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). Professor especialista em educação à distância pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).

Professor para geração Y pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Membro do Project Management Institute (PMI) e membro da Educational Society for Resource Management (APICS). Professor das seguintes instituições acadêmicas: FIA-USP, FGV, UFSCAR, IETEC, FATEC, INPG.

Especialista em finanças pela New York University e especialista em planejamento industrial pela FGV. Certificado como profissional PMP – Project Management Professional do PMI.

Foi fundador do PMI-SP e diretor por duas gestões, foi mentor na fundação do PMI-MG. É coordenador dos cursos de Pós-Graduação em Gerenciamento de Projetos do Instituto de Educação Tecnológica (IETEC), do Instituto Nacional de Pós-graduação de São Paulo (INPG-SP) e diretor executivo da Consultoria e Planejamento (CPLAN).

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