A declaração do escopo, ou seja, a declaração de tudo aquilo que será executado em uma obra, deve ficar tanto sob domínio da construtora quanto do cliente.
Ela é precedida pelo planejamento, etapa em que todos os participantes se alinham a fim de atingir os mesmos objetivos.
“Essa declaração inclui os custos e o cronograma de entrega da obra que se inicia”, diz o professor Silas Serpa de S. Junior, gerente de portfólio e projeto da Elumini. É comum, porém, um projeto sofrer alterações impostas pelo sponsor, o que pode comprometer a qualidade.
De acordo com o docente, a declaração deve ser assinada pela construtora e pelo cliente, mesmo havendo histórico de bom relacionamento entre as partes.
A razão é simples: quando o planejamento começa a ser executado, o cliente pode discordar de algum detalhe que antes aprovara, e culpar a construtora. “Uma prática recorrente na construção civil”, reitera.
A declaração do escopo inclui os custos e o cronograma de entrega da obra que se inicia. ” Silas Serpa de S. Junior
Escopo é tarefa do gestor de projetos
Para fazer a declaração de escopo, o gestor de projetos deve convocar os especialistas de sua equipe ou contratar projetistas externos, que vão preparar os vários projetos necessários à execução da obra, como hidráulica, elétrica e estruturas.
Esses profissionais levam o conteúdo até o gestor, para validação. “O líder, muitas vezes, tem que sair da posição de ‘entendedor’ do produto para atuar como ‘consolidador’ de informações”, destaca Serpa.
Embora muitos gestores estejam acostumados a determinar os prazos de entrega, é mais recomendável que o próprio fornecedor faça isso, enquanto ao gestores fica a tarefa de cobrar o cumprimento daquilo que foi acordado.
“Quando o gestor dá o prazo, se a pessoa não cumprir, poderá argumentar que não foi ela quem sugeriu. Tentará, ainda, finalizar o trabalho dentro do prazo estipulado, mas sem apresentar a qualidade esperada. Já no caso de o fornecedor estabelecer o prazo da entrega, ele está assumindo a responsabilidade”, alerta.
Serpa lembra que a terceirização dos projetos não exime o gestor e a construtora de suas responsabilidades. O grande paradigma é o gestor de projetos ter a responsabilidade de coordenar a sua equipe e fazer com que cada profissional também se responsabilize por seu trabalho.
O líder, muitas vezes, tem de sair da posição de ‘entendedor’ do produto para atuar como ‘consolidador’ de informações. ” Silas Serpa de S. Junior
Projetos longos
Em projetos de construção de longo prazo, como uma linha de metrô que leva, no mínimo, quatro anos para ser concluída, o escopo e sua declaração devem ser seccionados em períodos mais curtos. Nesse exemplo, pode-se imaginar um cronograma de um ano para o planejamento e de três anos para a entrega.
“Para projetos longos – acima de seis meses – existe uma técnica que já apliquei várias vezes, a de Planejamento de Ondas Sucessivas (Rolling Wave Planning). Planejo seis meses e executo. Durante a execução, começo a planejar os próximos seis meses, para que possa entregar com constância e estar sempre atualizado”, diz Serpa, sublinhando que a declaração de escopo é feita a cada seis meses, mas sempre focando no objetivo final, no projeto global.
Esse procedimento de executar a obra por etapas, montando-se pequenos escopos, tem ganhos paralelos, como permitir ao cliente alterar ou melhorar alguma coisa no projeto e, ainda, saber se terá ou não capital para a conclusão do empreendimento.
Redação AECweb / Construmarket
Colaborou para esta matéria
Silas Serpa de S. Junior – Profissional da área de Tecnologia da Informação, com mais de 15 anos de experiência na área de gestão de projetos e portfólio, desenvolvimento de soluções, gestão de tecnologia e gestão de projetos e infraestrutura para empresas de médio e grande porte, dentro e fora do país.