A comunicação entre a equipe de construção civil é um dos aspectos determinantes para o sucesso na execução de um empreendimento.
A relação entre ambas as equipes de projeto e obra requer planejamento e gestão desde as fases iniciais do trabalho. Em geral, há um grande número de agentes envolvidos na fase de projeto, pois cada sistema do empreendimento é projetado por um grupo específico de profissionais.
Da mesma forma, a etapa de obra abrange não apenas o time da construtora, mas também os fornecedores de produtos, serviços e componentes que muitas vezes estão presentes simultaneamente no canteiro.
Toda equipe de construção civil gera farta documentação, incluindo os próprios projetos, desenhos técnicos, representações digitais, descritivos, quantitativos, relatórios e um sem-número de conteúdos que precisam ser processados e analisados entre si, já que se referem a etapas que têm interfaces concretas no processo construtivo.
Essas informações podem ser gerenciadas hoje em dia com o apoio de ferramentas tecnológicas específicas, que permitem uma integração dinâmica entre as diferentes perspectivas e profissionais envolvidos na equipe de construção civil.
Os riscos da falta de integração na equipe de construção civil
Como profissionais de projeto e construtores atuam em etapas diferentes, sua forma de encarar o processo construtivo também é distinta.
Por isso, o papel de projetistas e construtores dentro da equipe de construção civil deve ser desempenhado em complementaridade, algo cada vez mais necessário em um setor cujo desenvolvimento tecnológico tem transformado velozmente a natureza das funções e a forma como as atividades são realizadas.
Quando essa inter-relação não ocorre de maneira fluida, corre-se o risco de os projetos não corresponderem às necessidades dos construtores, apresentarem soluções inviáveis e não conterem informações suficientes para a execução. Do lado da equipe de obra, a tomada de decisão pode ser comprometida.
Isso tudo pode gerar projetos sem compatibilização, cujas eventuais sobreposições e conflitos só aparecem na fase da execução. Disso decorrem patologias, retrabalhos, modificações feitas de improviso, desperdícios e atrasos. O impacto para a qualidade da obra pode ser significativo, além de tais problemas gerarem custos adicionais.
Estudos demonstram que a fragmentação dos processos de projeto e execução diminui a produtividade construtiva e tem efeito importante no custo final de um empreendimento.
De acordo com o engenheiro civil Gabriel Simionato, sócio da 3G Engenharia e Construções, em casos mais graves, há, inclusive, a possibilidade de riscos à segurança da obra.
“Se a equipe de execução não recebe a versão mais atualizada de um projeto, por exemplo, corre-se o risco de perder meses de trabalho, desperdiçar insumos e mão de obra e até comprometer a segurança”, ele aponta. De posse de um projeto incorreto, a construtora pode, por exemplo, iniciar uma escavação em local errado, pondo em risco a estabilidade de estruturas próximas, diz Simionato.
Ferramentas e tecnologia para a equipe de construção civil
A gestão da integração entre projeto e execução pode envolver a adoção de diferentes métodos e ferramentas. Um deles é a etapa conhecida como Preparação da Execução de Obras (PEO). Realizada logo após a elaboração dos projetos e antes do início da construção propriamente dita, a PEO possibilita a reunião de todas as equipes de obra com os projetistas para uma revisão detalhada de todos os documentos e o planejamento do processo executivo.
Durante a PEO, os times determinam as soluções para os detalhes de projeto ainda não estabelecidos, revisam os memoriais descritivos de cada sistema ou subsistema, avaliam as interfaces e projetam soluções para seus problemas. A ideia é que nessa fase tudo o que não foi esclarecido nos projetos seja avaliado e encaminhado, de maneira que não haja surpresas – e improvisos – no canteiro.
A PEO pode ser dinamizada por meio de ferramentas tecnológicas de gestão e integração de projetos. Ao longo das últimas décadas, as tecnologias relacionadas ao Building Information Modeling (BIM) tiveram grande progresso e passaram a permitir a coordenação e a compatibilização dos projetos de maneira automatizada. Seu compartilhamento em tempo real com a equipe responsável pela execução facilita a integração e evita problemas de comunicação.
Plataformas que permitem o registro de documentos de projeto, a atualização de suas versões e a validação das alterações on-line, em associação com o BIM, têm se destacado como instrumentos importantes para garantir o adequado fluxo de informação entre as diferentes equipes.
Nelas, o controle de uma grande quantidade de variáveis de projeto é automatizado, o que reduz o dispêndio de energia e a quantidade de profissionais atuando na coordenação de projetos.
Construmanager na prática para sua equipe de construção civil
Esse é o caso do Construmanager, plataforma de gestão de projetos que dispõe de um módulo BIM, permitindo a interoperabilidade e a colaboração em modelos simples ou federados – independentemente de qual software tenha sido utilizado na modelagem de arquivos.
“O Construmanager faz a ponte perfeita entre projetistas e incorporadores, pois com ele estamos continuamente compartilhando o mais recente projeto disponível”, explica Simionato.
Em caso de dúvidas, o Construmanager possibilita que se questione o gerador do documento pelo próprio sistema.
“Ou seja, ele funciona como um gerenciador eletrônico de documentos. É um sistema que embasa as discussões entre os profissionais das diferentes disciplinas e facilita as discussões de projeto”, descreve Simionato.
O engenheiro explica que os empreendimentos da 3G Engenharia e Construções costumam incluir muitas revisões de projeto.
“Sempre que a obra encontra algo diferente do projeto em campo, o Construmanager permite abrir um campo de discussão, de modo que o projetista fica sabendo da nossa dúvida praticamente em tempo real”, conta.
Segundo ele, como a plataforma atualiza as informações continuamente, nunca há o risco de a empresa executar um projeto obsoleto.
“Costumamos usar muito as pastas com a classificação de nomenclatura, restrição de nomenclatura e status dos documentos – se foram aprovados, aprovados com comentários ou reprovados”, diz.
Texto: Eduardo Campos Lima
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Colaboração técnica:
Gabriel Simionato, engenheiro civil e sócio da 3G Engenharia e Construções. Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Técnico em Agrimensura e Cartografia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2016) participa atualmente da equipe de implantação da Companhia de Energia Renováveis (CER).