Para evitar alterações do projeto no canteiro de obras, de modo a reduzir e viabilizar custos para a construção de centros logísticos, os arquitetos procuram evitar grandes painéis de vidro, muros muito altos e revestimentos especiais, dando preferência a produtos básicos.
“Ao optar por materiais de preços menores, com a anuência do cliente, evita-se o retrabalho para atender solicitações das construtoras com a finalidade de reduzir custos”, afirma, o arquiteto e urbanista Alan Gonçalves, gestor de projetos do escritório Alcindo Dell’Agnese.
O êxito deste processo depende da atuação conjunta de todos os profissionais envolvidos na elaboração do projeto executivo. Gonçalves explica que antes de iniciar a criação dos projetos de centros logísticos, recebe as informações sobre o terreno, como localização, topografia, planialtimetria e dimensionamentos.
Com esses dados avalia-se o que é possível construir naquele espaço, com base no programa de necessidades fornecido pelo cliente. “Definida a edificação e com o estudo em mãos, o proprietário do terreno começa a procurar clientes interessados no futuro empreendimento”, informa.
Gonçalves comenta que em alguns casos o investidor planeja um edifício com 10 mil m², mas encontra um cliente que precisa de um espaço menor e o projeto pode ficar dividido ao meio. Em outras situações, opta por um centro de distribuição no sistema de multiusuário, com áreas locáveis a partir de 1500 m².
“Definido o produto, são envolvidas as devidas consultorias técnicas e legislativas, tanto para a aprovação ambiental quanto nos órgãos municipais e, desta forma, os prazos de aprovação podem ser estimados – o que também é determinante para viabilizar a implantação de um empreendimento”, diz.
Passo a passo dos projetos de centros logísticos
A partir desta fase, tem início o desenvolvimento do projeto básico ou anteprojeto, elaborando o escopo do empreendimento, definindo o conceito, as dimensões dos ambientes, o tipo de acabamento, as instalações e características do produto.
“Em seguida, são chamados os vários projetistas para a reunião inicial e troca de informações, visando o projeto pré-executivo de arquitetura, já contemplando as questões técnicas de cada disciplina envolvida”, informa Gonçalves.
Na primeira reunião com os projetistas é feita a apresentação do projeto, suas necessidades, população que irá utilizar o novo centro logístico, tamanho dos sanitários, as áreas climatizadas necessárias e demais informações constantes no escopo.
O próximo passo envolve a troca de arquivos de anteprojeto, quando é fornecido também o programa de dimensionamento dos ambientes e um memorial básico de acabamentos e especificações. “Passamos as informações contidas no escopo para que cada projetista prepare o seu estudo preliminar com premissas de instalações, estrutura e iluminação, conforme o desejo do cliente”, explica.
Nesse estágio, começa a definição dos espaços para subestações elétricas, reservatórios de água, equipamentos de ar-condicionado, centrais de gás, reservatório de água quente, dimensionamento dos pilares da estrutura do prédio, central de tratamento de esgoto, sala de compressores e áreas para lixo reciclável.
“Para não haver surpresas no canteiro de obras, fazemos a compatibilização dos desenhos desenvolvidos, o que evita conflitos físicos entre as instalações”, explica.
É, também, o momento certo para esclarecer o nível de sustentabilidade do empreendimento, como reuso de água, eficiência energética, estação de tratamento de efluentes e se o proprietário pretende obter alguma certificação ambiental para o empreendimento.
“As certificações têm impacto importante no projeto arquitetônico, pois reduzem o custo de uso e manutenção de centros logísticos. Por isso, este quesito tem de estar bem especificado no escopo do projeto”, diz.
Propostas
O trabalho dos projetistas é dividido em três fases: estudo preliminar; projeto básico; e projeto executivo/detalhamento. Eles participam das reuniões e trocam informações com o objetivo de criar um projeto preliminar.
As propostas de cada disciplina são incluídas no projeto básico de arquitetura, resultando na primeira versão do projeto pré-executivo, que retorna a cada especialidade com todos os inputs incorporados, a partir dos quais cada técnico dá sequência a seu projeto básico.
Depois de feita a compatibilização dos projetos básicos das disciplinas, cada profissional conclui seu projeto executivo, com o detalhamento das ações de sua área.
Deste processo participam profissionais especializados em diversas áreas de conhecimento, como terraplanagem, drenagem, infraestrutura, pavimentação e ambiental – que obtém a autorização da construção junto aos organismos de proteção ao meio ambiente.
Também são envolvidos no processo engenheiros que fazem projeto das fundações, sondagem do terreno e definem a estrutura de concreto; projetistas que definem as estruturas metálicas, o fechamento do galpão, as coberturas, as instalações hidráulicas, elétricas, de ar-condicionado, sistemas de automação, segurança contra incêndio; paisagismo externo e comunicação visual, entre outros.
No caso do transporte, o profissional tem de planejar a movimentação interna de carretas e caminhões, bem como apresentar estudo do impacto do centro logístico no tráfego da região, sendo responsável por obter a aprovação de funcionamento na secretaria municipal de transportes.
Redação AECweb / Construmarket
Leia também:
Design thinking contribui com a gestão de projetos
Gestão da qualidade deve focar no resultado
Gerentes de projetos devem atuar com autonomia
COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA
Alan Gonçalves – Arquiteto e urbanista graduado pela Universidade Mackenzie – Arquitetura e Urbanismo em 2003. Pós-Graduado em Gestão de Empreendimentos na Construção Civil também pelo Mackenzie.
Tem 14 anos de experiência profissional e atua há seis anos na empresa Alcindo Dell’Agnese, onde lidera uma equipe de 15 arquitetos dedicados a Projetos e Soluções para a Indústria e Logística.