Com peculiaridades que os diferenciam de outras tipologias, como os prédios residenciais, os edifícios de escritórios possuem instalações mais complexas, uma vez que envolvem grandes populações e contemplam sistemas centrais de ar condicionado.
Estudos de infraestrutura e eficiência energética merecem atenção, além de andares de planta livre, permitindo flexibilidade de uso, vãos específicos entre pilares estruturais e maiores sobrecargas de piso. Dependendo da complexidade do projeto e da equipe disponível ao gestor, não há uma regra de um número padrão de projetos por coordenador, mas algumas medidas podem facilitar o trabalho.
Importante para a gestão de um projeto, o briefing é uma ferramenta fundamental, uma vez que pode determinar a expectativa que se tem do empreendimento.
“O uso do briefing é uma prática comum nas empresas que têm o domínio da concepção do produto imobiliário. O briefing em arquitetura se configura como um programa de necessidades e é mais comum nas empresas incorporadoras.
Algumas construtoras que comercializam pacotes fechados (turn-key) usam o briefing, pois desenvolvem o projeto desde o início”, explica Ana Wansul Liu, gerente de Engenharia na Yuny Incorporadora.
A arquiteta também comenta que os projetistas devem receber o briefing do empreendedor já no inicio do processo, entre a fase de concepção e a fase de estudo preliminar.
“O briefing deve ser traduzido tecnicamente e repassado ao time de projetos por quem estiver à frente da coordenação”, diz, acrescentando que não há uma metodologia específica para o seu desenvolvimento.
“Normalmente ele é passado em reunião presencial. Alguns incorporadores ou construtores têm formulários padronizados que documentam o que foi acordado em reunião. O briefing é a origem de tudo e quanto mais claro for, menor será o trabalho de interpretação do arquiteto e dos integrantes do projeto ao longo do processo”, orienta.
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É do briefing também que surgem as diretrizes. Ao se pensar no processo de um projeto é preciso lembrar que as linhas gerais podem ser classificadas em duas categorias: diretrizes para o plano de massas (início do processo) e diretrizes para o desenvolvimento restante do projeto.
“As diretrizes para o plano de massas são resultantes do tipo de produto imobiliário que se deseja empreender, como um edifício de escritórios para uso próprio, vender ou alugar. Define-se principalmente a forma do edifício, suas principais áreas, o número de pavimentos, a expectativa de durabilidade – ciclo de vida – das instalações e a flexibilidade de uso”, explica Ana Liu.
Ela complementa: “Elas incluem formato e restrições legais de terreno, definições de arquitetura, como o desenho do pavimento, a tipologia de núcleo, a profundidade do pavimento, e definições de disciplinas técnicas, como sistema estrutural, ar condicionado, elevadores. As diretrizes para o desenvolvimento restante do projeto definem como o edifício deve funcionar quando em operação e quais contingências deve cobrir, por exemplo, em caso de emergência ou na falta de energia ou água. As prioridades de entrada de informação no processo também podem ser consideradas como diretrizes de gestão no processo de projeto”.
Ana Liu também afirma que quanto menos se mudam as diretrizes de um projeto ao longo do processo, melhor é sua gestão, uma vez que se torna mais fácil manter a execução e o controle do que foi originalmente planejado.
Redação AECweb
ANA WANSUL LIU é graduada em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo e possui pós-graduação em Engenharia de Produção Aplicada à Construção Civil pela Fundação Vanzolini, além de ser mestre em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
É arquiteta Coordenadora de Projetos com atuações na Método Engenharia, Hochtief do Brasil e Matec Engenharia; prestadora de serviços de coordenação de projetos para a Racional Engenharia e Moura Schwark; atualmente é gerente de Engenharia na Yuny Incorporadora.
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