Redação AECweb / Construmarket

A revisão da norma ABNT NBR ISO 9001:2015 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos está mobilizando gerentes da qualidade de construtoras certificadas para a rápida compreensão do que mudou (veja quadro a seguir) e dos passos para a sua implementação.

O engenheiro Samuel Gosch, gerente da Qualidade da Eztec, conta que a empresa já se planejou para implementar ao longo deste ano as adequações da norma revisada, com auditoria de recertificação prevista para novembro do próximo ano. O trabalho está organizado em seis etapas: treinamento de interpretação da ISO 9001:2015 da equipe da qualidade e auditores internos; diagnóstico, com análise dos documentos do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) sob a ótica dos requisitos da nova norma; implementação, isto é, revisão e elaboração de documentos, treinamento, avaliação da implementação; auditoria interna; tratamento de não conformidades e ajustes finais (caso necessário); além de auditoria externa.

Na Matec Engenharia, empresa certificada em 2007, a economista Maria Cecília de Sá Fernandes, gerente da Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente (QSSMA), já iniciou a adequação de seus procedimentos à ABNT NBR ISO 9001:2015. “Estou me movimentando e reunindo todas as áreas da empresa, que têm uma cadeia de valores bem definida. Começaremos pelo levantamento dos riscos de cada área, para fazer um plano para cada projeto com as suas especificidades. Vamos ser auditados em julho próximo, quando poderei verificar se o caminho que estamos adotando está correto, para podermos fazer os eventuais ajustes. Não vou esperar os três anos permitidos para a adequação aos novos requisitos”, relata.

ANÁLISE DE RISCO

Maria Cecília e Gosch concordam que as construtoras serão beneficiadas, principalmente, com o novo foco da mentalidade na análise de risco, que propõe prever resultados indesejáveis, como serviços e produtos não conformes e, também, no tocante ao planejamento de mudanças. “A análise de risco é muito importante. A nova norma ABNT NBR ISO 9001:2015 enfatiza a criação de uma cultura na empresa de que tudo deve acontecer exatamente como foi planejado. A partir de agora, a ação preventiva deixa de estar lá na frente no plano de ação, e passa a ser a análise de risco. Ou seja, permite prever e tomar providências antecipadamente, num âmbito mais estratégico de cada projeto”, enfatiza a gerente Maria Cecilia de Sá Fernandes.

O profissional da Eztec, por sua vez, lembra que a versão 2008 trazia a abordagem de risco de forma implícita nos requisitos de planejamento, em especial no que dizia respeito à ação preventiva. “A nova versão da norma tenta recuperar esse importante conceito com o requisito de ‘mentalidade de risco’, que estimula a pensar previamente no que pode impactar de forma negativa o resultado pretendido de um determinado processo e/ou empreendimento, além de priorizar os riscos de maior criticidade e, por fim, definir controles para o que realmente é relevante”, ressalta.

Em princípio, essa alteração proposta pela ABNT NBR ISO 9001:2015 deve estimular as empresas a adotarem uma postura preventiva, e não reativa, antecipando-se aos potenciais problemas e, consequentemente, reduzindo retrabalho, custos e atrasos, além de promover um produto final de melhor qualidade e desempenho. A nova norma destaca também que a mentalidade de risco deve ser utilizada visando a tirar proveito das oportunidades, explorando os pontos fortes da empresa.

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CONFORMIDADE

A conformidade da produção da construtora começa por ter um projeto concluído num tempo específico e compatibilizado com outras disciplinas para que as compras possam ser consistentes. “Caso isso não aconteça, há uma forte probabilidade de termos uma não conformidade. O objetivo da ABNT NBR ISO 9001:2015 em relação a isso é eliminar desse processo tudo o que pode vir a ser um risco para o produto final”, observa Maria Cecilia. É preciso, portanto, identificar as providências para evitar esse tipo de atraso e, se ocorrer, mitigar as suas consequências. “Isso entra na análise de risco, uma cultura bastante empregada na segurança do trabalho e requisito de norma da área. Vamos trazer essa experiência acumulada para a Gestão da Qualidade”, complementa.

O planejamento das mudanças que, muitas vezes, as empresas fazem informalmente e que acaba por impactar os processos de gestão da qualidade, deverá agora ser respaldado por um trabalho mais profundo. Maria Cecília exemplifica: “Neste momento de crise, por necessidade de redução de custos, uma empresa é levada a decidir pelo desligamento de profissionais importantes para a organização. É preciso, porém, preparar a estrutura interna para que o processo já criado não seja comprometido, não desmorone com a falta do gestor desligado. É fundamental resguardar o que a empresa construiu internamente”.

ENFOQUE PRESCRITIVO X DESEMPENHO

Samuel Gosch considera o enfoque menos prescritivo e mais voltado ao desempenho da norma ABNT NBR ISO 9001:2015como positivo, pois torna a adesão mais flexível, permitindo às companhias definir e adotar controles apropriados à sua necessidade – caso dos requisitos para processos, da informação documentada e das responsabilidades organizacionais. “Na prática, a empresa que atende plenamente aos requisitos da versão anterior da ISO continuará, com pequenos ajustes, atendendo à maioria dos requisitos que foram mantidos na versão 2015. As principais adequações ao Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) são decorrentes dos novos requisitos, que devem ser analisados e implementados”, ressalta.

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