Redação AECweb / Texto: Juliana Nakamura
A gestão de projetos de construção é uma atividade cada vez mais crítica para o sucesso das empresas. Afinal, do seu desempenho, dependem fatores como o atendimento a prazos, o respeito aos orçamentos pré-definidos e a entrega em alinhamento com as expectativas dos clientes.
Na construção civil, realizar esse gerenciamento não é tarefa fácil. Tanto é que a quantidade de projetos que falham ou não atingem o objetivo inicial é consideravelmente alta. Confira, a seguir, quais são os desdobramentos mais comuns de falhas na gestão de projetos e como evitá-los:
Projetos mal gerenciados resultam, quase sempre, em insatisfação por parte dos clientes. Muitas vezes, esse descontentamento é causa de conflitos e desgastes tanto aos profissionais, quanto à imagem das empresas. Definir corretamente o escopo do projeto é um passo importante para evitar transtornos. O escopo deve deixar claro o que precisa ser feito, a que tempo e com qual custo. Ele também precisa incluir elementos como orçamento, mapeamento de processos, cronograma e metas. Uma boa prática é decompor o escopo em partes menores por meio da estrutura analítica de projeto (EAP). Assim, fica mais fácil alocar os recursos disponíveis com eficiência.
Na construção civil, atrasos em entregas são sinônimos de desgastes à imagem da empresa e podem implicar no pagamento de multas e de outros gastos inesperados. “Os prazos pré-definidos devem ser possíveis de atendimento, considerando tarefas realizadas previamente ou em paralelo para não causar atrasos, retrabalhos e desconforto que prejudique a equipe e o bom resultado do projeto”, comenta Carla Marques, gerente de projetos da construtora e incorporadora SKR. Além de um cronograma consistente, é importante que o gestor compreenda as razões que costumam levar os projetos a estourarem o prazo. Os mais relevantes são: recursos humanos insuficientes, atrasos no início das atividades, atraso de fornecedores, excesso de burocracia e riscos mal dimensionados.
Um dos pesadelos dos gestores de projetos é o estouro de orçamentos, causa de aditivos contratuais, redução de margens de lucro e de prejuízos financeiros. “O novo ciclo de retomada do setor ainda não se refletiu numa recuperação expressiva dos preços dos imóveis. Por isso, o desafio atual está em adequar o modelo de gestão a uma nova realidade de custos muito mais enxuta e compatível com as novas exigências dos clientes”, comenta Cassio Monteiro Alves, gerente de planejamento e controle da construtora Moura Dubeux.
Apesar de alguns avanços, a construção civil brasileira ainda está muito associada ao improviso, à ausência de sistemas de gestão e à baixa adesão a ferramentas digitais. Essa realidade resulta em retrabalhos, baixa produtividade, pouca confiabilidade e imprecisão na entrega dos projetos. Na rotina dos coordenadores de projetos, perde-se muita eficiência por falhas de comunicação. “A comunicação quando não é efetiva gera erros de percurso que impactam as atividades programadas e geram desmotivação das equipes”, alerta Carla Marques.
Muitas tecnologias digitais surgiram nos últimos anos para auxiliar os gestores a dar mais assertividade a seus projetos. Entre as mais impactantes estão os softwares de gestão e a modelagem da informação (BIM), que atua tanto na verificação de incompatibilidades, quanto dá mais consistência a planejamentos e orçamentos. O problema é que, muitas vezes, a dificuldade de interoperabilidade dos modelos BIM desmotiva as empresas a migrarem para essa tecnologia. “A consequência disso é a adoção de processos antiquados, incapazes de atender as demandas dos tempos atuais, além de desperdício de tempo e de recursos financeiros”, comenta Roberta Chicoli, gerente de vendas de Soluções SaaS na e-Construmarket. Segundo ela, para eliminar esses obstáculos, uma saída é dispor de soluções de compartilhamento de documentos em extensão aberta (formato IFC).
Carla Marques — Arquiteta e urbanista, é coordenadora de projetos da construtora SKR Construtora e Incorporadora.
Cassio Monteiro Alves — Engenheiro civil com MBA em gestão empresarial, é gerente de Planejamento e Controle da Moura Dubeux.
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